Colunistas

Publicado: Sábado, 21 de setembro de 2019

doce de banana

O cobre, azinhavrado tal como os lençóis da noite de núpcias e cantando já como a diva envelhecida, temperou a banana madura com casca e sem cura enquanto a enlouquecia com sua saliva estéril e vazia. João vinha sempre de fora, trazendo conversa fiada e assobiando moda caipira; no caminho acenava sem levantar o braço e parava mascar cravo no dobrado da esquina. O fogo à lenha, cruzado entre uma faísca e uma fagulha, formava a bolha lá embaixo do tacho e trazia o estouro cremoso para temperar o aroma da cozinha. Segurando a parede de barrote que subia num tronco magro de qualquer árvore que servia, um trapo velho ficava pendurado para enxugar as mãos grossas de Maria. As noites, como os dias se pareciam, e nem aquela chuva brava, que vinha com trovão e anistia, plantava sua água sagrada naquela freguesia. Desavisado, o trote salgado das canelas do cavalo na estrada fia, uma madrugada qualquer em que ela fugirá com seus aquietados dois dedos de prosa enquanto ele pigarreava sua covardia.

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