"Senna" é filme para os fãs menos racionais de Fórmula 1
Produção tem ótimas imagens de arquivo. E nada mais.
Leandro Ferreirapor Leandro Sarubo
Se é difícil escolher qual foi o maior piloto brasileiro de Fórmula 1, é bastante simples apontar o mais querido pela torcida. Nelson Piquet e Emerson Fitipaldi são engolidos por Ayrton Senna quando o tema é idolatria.
O estardalhaço em torno do piloto, morto durante o GP de Ímola, não só é bem apresentado por "Senna" como, infelizmente, é parte dele. As ótimas imagens de arquivo são desperdiçadas no meio de tantas deixas criadas para levar os espectadores às lágrimas.
São vagos e raros os momentos em que o tricampeão é apresentado sem a vestimenta da ética e da bondade. Quando acontecem, a impressão que fica é a de decepção do público - parece ser incompreensível abordar Ayrton Senna sem o selo de herói.
O resultado dessa ânsia de emocionar e entregar aos brasileiros alguém para ser lovado é o esperado: um filme nada racional que mais lembra as novelas do SBT, tamanha a falta de ousadia e originalidade.
Ayrton Senna, especificamente por seu retrospecto nas pistas, merecia algo mais sério e complexo. Algo menos infantilizado. Para os brasileiros pararem de confundir realidade com fantasia.