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Publicado: Terça-feira, 5 de abril de 2016

Você é burro, cara...

Você é burro, cara...

 Talvez a maior composição de toda a vida de Caetano Veloso, sejam estes seguintes versos:

“Como você é burro, cara. Você é burro. Que absurdo... Tudo isso que você disse é burrice... Eu não consigo gravar muito bem o que você fala porque você fala duma maneira burra”.

Que sentimento. Que autenticidade.  Talvez nem a icônica figura da MPB consiga ter captado a profundidade de tais palavras, proferidas no auge de sua cabeleira (e da sua arrogância popstar), respondendo na entrevista do Programa Vox Populi em 1978, vejam só, uma pergunta sobre seu tratamento para com a imprensa.

Os arqueólogos da Internet fizeram o favor à sociedade de resgatar e transformar em viral, uma frase que eu, cotidianamente, mesmo que em pensamento, repito todos os dias.

É quase um mantra quando paramos pra observar a sociedade. Veja alguns exemplos.

Em pleno século XXI, vejo alguém se incomoda com união homoafetiva. Pior: por questões religiosas. Pior, concordando com gente burra que profere absurdos do tipo “Deus fez Adão e Eva e não Adão e Ivo.” E, pior, usando termos ofensivos com estas pessoas. Como você é burro, cara.

Ou então, ainda neste século, vejo um ser humano BURRO dizer que a moça não deveria sair com a roupa que bem entendesse e, pasmem, que isso é justificativa para que ela seja violentada. Isso que você disse é burrice, cara...

Em tempos políticos conturbados, vemos um festival de burrice. Atestados de burrice. Burrices assumidas. Gente argumentando com “Chupa”, “futebolizando” a política. O indivíduo te contra argumenta com “Mimimi”. Quando assim, seja lá qual for sua posição, olhe no fundo dos olhos da pessoa e repita: Você é burro, cara...

Claro que somos todos sujeitos a sermos burros, ao menos uma vez. Acho até justo ouvir o mantra direcionado a nós, é uma maneira de reflexão, de autoconhecimento, porque a parcela burra é maioria e vai saber se não estamos incluídos.

Mas sugiro a tentativa de viver não provocando a fúria de Caetano. É um indicador super efetivo de burrice. Meça suas atitudes e palavras e se você achar que deve repetir para si próprio as famigeradas palavras, não o fale e nem o faça.

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