Viva o poder das quatro patas!
Meu coração andava meio assim... desajeitado, perturbado, caindo pelos cantos, chocando-se contra suas próprias verdades. Não queria ouvir, nem falar, só continuar a bater. O dia amanhecia, mas nem o sol era capaz de esquentá-lo. Tudo irritava, maltratava, espremia. E em meio a minha agonia decidi sair.
Abri o portão e ganhei a rua, sem rumo, seguindo apenas a vontade de meus pés. Andei... andei... andei... não sei por onde, nem como... só andei. E num piscar de olhos, sem perceber, estava em frente à ele. Parei. Ele também parou e ficou me olhando entre uma fresta e outra, me tocando como nunca. Sua luz era forte. Silenciei.
Nem sequer tive tempo de estender as mãos e ele já estava correndo em minha direção. Nem precisei dizer “olá”, pois nossos olhares explicaram tudo. E aquela lambida quentinha e áspera me energizou, fechou toda e qualquer ferida. A nuvem passou.
E foi assim, num dia qualquer, numa ânsia sem fim, que descobri o amor de um ser para mim. E pensando em outros que existem por ai, me coloquei a dançar, a sorrir. Hoje vou festejar, me alegrar e dar um adeus à solidão.
Será que ainda existe alguém que não conheça a força do amor de um cão?