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Publicado: Sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Viva o Gonzagão - Assum Preto

Crédito: Internet Viva o Gonzagão - Assum Preto
Viva o centenário de Gonzagão!

Tudo em vorta é só beleza
Sol de Abril e a mata em frô
Mas Assum Preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor

O canto é uma expressão do estado de espírito. É como se algo transbordasse da alma e precisasse escapar de algum modo. Quando é assim, cantamos. Seja de alegria ou de tristeza, embora se lembrem mais da primeira que da segunda. Cantamos por estar alegres. Mas também cantamos quando tristes. Cantar não é só espantar os males. É um jeito de conviver com eles.


Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá de mió

Cantamos por mil motivos. E cantamos até quando nos tiram os motivos, a visão das coisas. Quanta gente alienada, desiludida e perdida não vive cantando por aí? São cegos a disfarçar a própria dor, incapazes de enfrentar os próprios dilemas. Então, finge-se uma suprema alegria, cheia de risadas e cantorias. Mas que no fundo não passam de lamentos.


Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá

Perder a visão das coisas é estar à parte. É não pertencer ao mundo dos normais. Mesmo os criminosos, que cometeram as piores calamidades, possuem o dom de enxergar o mundo à sua volta. Bem como enxergam sua própria face, suas transgressões e culpas. Mil vezes ser preso do que perder o dom de ver com os olhos!


Assum Preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus

Falta de visão é falta de luz. Mas pior é a falta de amor, que pode ser também traduzida na falta de um ideal. Quem não tem amor, vive nas trevas. E daí não adianta ter visão, pois já se vive na escuridão eterna. A gente deve manter a luz diante dos olhos e valorizar isso, com todo o coração. Pois não adianta enxergar e não ver.

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