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Publicado: Quinta-feira, 1 de março de 2018

Veneno e mentira nos textos dos livros escolares

O jovem aluno do ensino médio volta pra casa e encontra o pai lendo o jornal.
      - Pai, sabia que Fidel Castro libertou Cuba da ditadura e transformou o país num paraíso? E sabia que Che Guevara morreu lutando para libertar a América Latina do imperialismo? Garanto que não sabia!
      - Como é que é, meu filho?
      - Você nem deve saber que Hugo Chavez criou o bolivarismo e fez da Venezuela um centro de oposição ao capitalismo selvagem dos Estados Unidos? E que o povo venezuelano alcançou a felicidade?
      - Mas, filho, onde você ouviu estas estórias? Quem te contou estas coisas?
      - Está tudo nos livros da escola, pai. E a professora confirmou todos esses fatos.
O cientista político e professor do Insper, Fernando Schuller, se dedicou a analisar os textos dos livros didáticos adotados pelas escolas públicas e particulares do país (“É ético usar as salas de aula para “fazer a cabeça” de nossos alunos?”). E foi surpreendido por um viés ideológico e deturpado de fatos históricos. Os alunos se deparam com uma visão rudimentar e arcaica de um mundo dividido entre capitalistas malvados e heróis da resistência socialista. Aos alunos não é oferecida uma narrativa pluralista e imparcial da história. Prevalece o ataque às elites, ao imperialismo e aos governos que não estejam alinhados com as doutrinas do Fórum Social Mundial, do MST e do PT.

Por exemplo, o Plano Real, que deu estabilidade à moeda, não é mencionado na história recente. Mas o governo Lula, que o texto afirma que tirou 20 milhões da miséria, aparece em destaque, assim como a versão de que o mensalão do PT não passou de um ataque das elites a um partido popular.
 
Enquanto os jovens dos países desenvolvidos aprendem matemática, idiomas, literatura, tecnologia e ciência, os nossos meninos são submetidos a uma lavagem cerebral sobre política. Mas, o que explica a presença de textos e imagens que exaltam o comunismo e o socialismo nos livros didáticos? Quais os interesses que estão por trás desta doutrinação irresponsável da juventude brasileira?

Em primeiro lugar, o MEC estabelece em seus editais para produção de material didático uma infinidade de regras bastante estritas, as quais devem ser observadas por autores e editores. Uma delas afirma:
2.1.2. Observância de princípios éticos e democráticos necessários à construção da cidadania e ao convívio social republicano
Serão excluídas do PNLD 2018 as obras didáticas que:
b. fizerem doutrinação religiosa, política e/ou ideológica, desrespeitando o caráter laico e autônomo do ensino público;

Apesar de proibir a doutrinação, os textos dos livros didáticos seguem contendo besteiras insustentáveis à luz dos fatos. Percebe-se então que há autores intelectualmente desonestos que conseguem ludibriar as regras, sob a desatenção do MEC, debaixo da proteção dos editores e o que é pior, na cara dos professores, diretores de escolas e pais de alunos.
     
O conteúdo com viés ideológico e partidário causa dois prejuízos ao aluno: (1) impede que ele receba uma visão pluralista da realidade, o que expandiria sua reflexão e espírito critico e (2) provoca um conflito entre o que é ensinado e o que ele vai constatar de fato na vida real. O domínio exercido pelos “detentores da verdade” na redação dos livros escolares precisa ser extirpado. Com tantas mazelas no ensino, não há espaço para a doutrinação ideológica. A neutralidade e a honestidade devem prevalecer.
     
O pai do jovem aluno, chocado, chama o filho para uma conversa.
      - Filho, vem cá, vamos passar a limpo estas lições que tentaram ensinar a você na escola.

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