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Publicado: Quinta-feira, 17 de junho de 2010

Velocidade estonteante

Na grande maioria das vezes me deparo com empresas com estruturas muito engessadas. A grande maioria sedimenta processos de forma a tornar-se lenta e ilusoriamente bem organizada. Nos espaços entre estas estruturas, acumulam-se incoerências jogadas pra baixo do tapete ou ignoradas ainda que fiquem à vista. Nos corredores do sistema correm as reclamações e insatisfações que passam por ouvidos surdos. Ou que se fingem surdos por não saberem como arrumar a bagunça. As dificuldades mais complexas são jogadas pra baixo da mesa e vivemos felizes até que uma destas fragilidades faça ruir algo grande demais pra ser ignorado.

Mas, vez por outra me deparo com empresas que vivem no extremo oposto. São empresas jovens e modernas. Mas às vezes, tão jovens e modernas que lhes falta a calma e a maturidade para conduzir o coletivo. Empresas que não entenderam, no seu crescimento vertiginoso, que quando o grupo cresce, um pouco de ordem é necessária para que as pessoas não se sintam perdidas. São empresas com lideranças ousadas, sem medo de decisões arriscadas e que mudam de rumo numa velocidade estonteante. O resultado? Todos que estão nela ficam tontos realmente.

O difícil, como em tudo na nossa vida, é achar o equilíbrio. A solução para empresas lentas não é a velocidade extrema. As empresas velozes também precisam aprender a encontrar o balanço entre sua super agilidade e a serenidade. Uma super velocidade leva a uma super bagunça veloz. Neste caso, as incoerências e insatisfações não se acumulam nos espaços entre estruturas. Elas ficam pelos lados enquanto a empresa corre. Rápido demais pra perceber. Mas, uma hora, elas também estarão no meio do caminho e farão a empresa tropeçar. E em alta velocidade, a queda sempre é desastrosa!

Estas empresas costumam ser orgulhosas de sua forma de ser. E devem ter orgulho mesmo, mas facilmente este orgulho, recheado de medo de tornar-se uma empresa velha e lenta, acaba se transformando em uma forte miopia que não permite que eles vejam com clareza o que esta se formando e o que está se destruindo. Faz com que eles não estruturem o que precisa ser minimamente estruturado. O problema é que quando se está em altíssima velocidade, pode-se seguir por uma longa distância, mesmo que o chão abaixo de nós não esteja lá. Quando esta inércia acaba, a queda é gigantesca e inevitável.

Para estas empresas, a atenção é fundamental. Não temam perder sua agilidade e cuidem dela com carinho. Mas não criem estruturas frágeis demais, que não suportem o crescimento que estão conquistando. A queda é muito mais veloz do que a ascensão, mesmo que esta tenha sido rápida.

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