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Publicado: Terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Uma conquista Genética Palmeirense

Não costumo falar sobre futebol. Não costumo comentar futebol. Não costumo ir a estádios de futebol. Por causa da violência exacerbada que costuma haver entre os fanáticos de futebol no Brasil, nem costumo me declarar corinthiano por aí. Sequer ouso sair na rua com a camisa do Timão, com medo de sofrer alguma represália por aí. Por muito menos já foram mortos torcedores de outros times que se exibiam com a camisa do clube. Assim, quando me perguntam sobre minhas preferências futebolísticas, afirmo insistentemente que sou torcedor do Real Madrid, o time mais brasileiro da Europa.
Diante de um fato excepcional, me vejo obrigado a tocar no assunto “futebol” para referir-me a uma recente descoberta científica. No último dia 13 de janeiro cientistas de Taiwan divulgaram uma invenção “luminosa”: conseguiram criar um porco fosforecente, que depois de expostos à luz são capazes de ficar brilhando no escuro. A experiência foi o resultado do cruzamento genético entre os porcos e as algas marinhas, que possuem essa capacidade de brilhar em ambientes escuros.
Os porcos exibidos são verdes mesmo, por dentro e por fora. Os cientistas querem agora desenvolver uma nova espécie de porcos e estudá-los mais ainda. Não é de hoje que os porcos servem à ciência, mas essa “descoberta” dos taiwaneses não é tão inédita assim. Aqui mesmo no Brasil os porcos verdes já existem há muito tempo.
Estou me referindo aos colegas palmeirenses, sem qualquer intenção de ofendê-los. Itu é uma cidade com grande número de famílias de descendentes italianos. Logo, a preferência futebolística pelo “Palestra Itália” é mais do que óbvia. Como não é segredo, o porco é um dos principais símbolos da Sociedade Esportiva Palmeiras. Até onde sei, o periquito é o mascote oficial do clube e muitos até o confundem com o personagem Zé Carioca, um papagaio. Não sei desde quando o porco entrou nessa história e até gostaria que alguém me explicasse.
Chegamos à conclusão de que o porco verde não é uma criação tão exclusiva assim dos cientistas de Taiwan. Afinal ele já existe no folclore futebolístico do Brasil há muitos anos. Pena que tal fato não divulgado antecipadamente pela “Science” ou pela “Nature”, respeitadas publicações científicas com circulação dirigida a especialistas do mundo todo.
Depois da divulgação desse feito científico, as brincadeiras com os palmeirenses ocorreram como se era de esperar. O brasileiro, que sabe brincar e ser alvo de brincadeiras, aprova esse tipo de piada que não ofende. Por outro lado, podemos notar também uma utilidade prática dos porcos fosforecentes também na gastronomia, particularmente no que diz respeito às tradições culinárias brasileiras.
Caso a criação de porcos fosforecentes se transforme num sucesso comercial, podemos imaginar que em breve criadores brasileiros estarão importando essa tecnologia. Comercializada no mercado interno, a carne de porco verde logo chegará aos supermercados, colocando-se com uma opção para a dona-de-casa. Afinal, porcos geneticamente criados em laboratório — sejam verdes, azuis ou amarelos com pintinhas roxas — sugerem um maior controle em relação a doenças e outros males.
Além da alegria palmeirense de contar com porquinhos identificados com a causa alve-verde, os mestres-cuca nacionais poderão continuar inovando na cozinha, oferecendo em seus cardápios a mais nova opção brasileira: a tradicional feijoada verde, mais identificada ainda com a cor da bandeira nacional. Se foi Taiwan quem inventou o porco verde, será o Brasil seu maior beneficiário, seja na cozinha ou nos gramados.

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