Treinamento durante a gestação
Quando o assunto se refere a treinamento durante a gestação, polêmicas sempre vão existir, e devem existir, uma vez que estamos lidando simultaneamente com duas vidas e, nessa hora, segurança e eficiência devem ser os pré-requisitos básicos, especialmente quando se diz respeito à prática esportiva no período gestacional.
Alterações fisiológicas significativas, tais como mudanças físicas e comportamentais, devem ocorrer, podendo ser estas as razões que levam desde uma simples frouxidão ligamentar (via liberação hormonal), até alterações anatômicas que afetam diretamente o fator postural, o sistema músculo-esquelético, e também alterações significativas sobre a saúde psíquica da gestante. Por estas razões, os profissionais devem atentar quanto aos tipos de exercícios e os grupos musculares a serem exercitados, evitando, assim, sobrecargas articulares desnecessárias, e buscando trabalhar os desequilíbrios musculares e posturais, organizando uma rotina de exercícios que vise enfatizar a melhoria da postura e da funcionalidade corporal e, também, que atue na prevenção das dores e desconfortos nas costas, que são um dos fatores que mais acometem a qualidade de vida no período da gestação.
Quanto a polêmica supracitada, se o exercício é benéfico na fase gestacional, o mesmo é, sim, bem indicado, no entanto, existem algumas contra-indicações quanto a proibição das atividades físicas de forma total ou relativa, especialmente nas seguintes condições:
Contra-indicações totais:
Doenças cardíacas severas e descontroladas;
Doenças pulmonares obstrutivas;
Incompetência de colo uterino;
Placenta prévia após 26 semanas de gestação;
Gestações múltiplas com risco de partos prematuros;
Sangramento persistente no segundo e terceiro trimestre;
Trabalhos de parto prematuros;
Ruptura de membranas;
Hipertensão gravídica.
Já as contra-indicações relativas, se dão quando a mãe apresenta alguns dos seguintes fatores:
Contra-indicações relativas:
Anemia severa;
Bronquite crónica;
Arritmias cardíacas;
Diabetes Mellitus – Tipo I;
Obesidade extrema;
Extremo baixo peso corporal (Índice de massa corporal < 12);
Retardo de crescimento uterino;
Hipertensão não controlada;
Limitações ortopédicas;
Fumantes severas;
Baixo controle dos hormônios tireoidianos (hipertireoidismo e hipotireoidismo).
Para estes casos, torna-se necessário um acompanhamento mais intensivo, tanto por parte dos médicos como dos profissionais que assistem esse paciente. O início do programa de treinamento deve ser acompanhado de forma minuciosa, sempre tendo uma avaliação clínica e obstétrica seguida de uma reavaliação periódica das necessidades nutricionais, condições psicológicas e, inclusive, se as capacidades físicas funcionais da gestante (como força e resistência), não estejam sendo acometidas com a gestação.
Para resultados palpáveis e seguros neste período, o ideal é buscar auxílio com um profissional de educação física habilitado e capacitado para atendê-la da forma mais coerente, prescrevendo o programa de treinamento adequado, e tendo sempre em mente que a regularidade é fundamental nas práticas esportivas - neste ou em qualquer outro período – para a otimização dos resultados almejados.