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Publicado: Terça-feira, 14 de maio de 2013

Tiro ao álvaro

As mudanças de hábitos e costumes que se diferenciam de país a país, de regiões a regiões, de cidades a cidades e de pessoas a pessoas, todas em princípio levam a um ordenamento jurídico, social e de crenças, num princípio de respeito mútuo.

Seja o que for que se faça, em quaisquer atividades, simples, necessárias, passageiras, que resultem na satisfação própria e de terceiros.

Cumpriu o seu papel o saudoso Adoniran, com suas cantigas ingênuas até, mas com a capacidade de traduzir o cerne da vida dos moradores de bairros e conglomerados muito longe da alta sociedade.

Entretanto, nem a casta mais favorecida deixa de se servir e aproveitar da veia inspirada desse personagem que se fez inesquecível na quase ingenuidade de suas inspirações. Em síntese, serviu a si e a todos.

Pudessem os cidadãos desferir tiros certeiros, não de morte mas construtivos, de modo a serem felizes e úteis ao mesmo tempo.

Vem justamente daí o despropósito da inversão nas intenções generalizadas das pessoas que buscam salvar-se a si e se isolam para construir, mormente neste Brasil desorientado, um “modus vivendi” de liberdade total. A partir desse ponto se instala a desordem. Regras, leis, princípios, só no papel.

O intrincado contexto social, mal governado e corrupto sem cobro, expandiu o falso estatuto do salve-se-quem-puder.

Ninguém hoje controla nada. Agir à solta e impune, disparar tiros de instabilidade coletiva toda hora, essas as diretrizes do brasileiro.

Um exemplo, o mais comezinho, o da incapacidade de regularizar-se o uso das barulhentas motocicletas, indiferentes os seus condutores ao elevado percentual de acidentes em que as vítimas principais são eles mesmos. Uma temeridade de seu surgimento veloz e inesperado, pela direita ou pela esquerda, no trânsito urbano.

Ora, se eles próprios seguem a cartilha do salve-se-quem-puder, é igualmente ineficiente o aparato legal e policial para contê-los. Por similaridade, em setores outros assumem liberdade da ação solta, tresloucada ou não. Tudo passa a ser a visto como admissível.

Outra banalidade, - em países civilizados um comportamento normal e decente - o dos brasileiros e brasileiras que perambulam com seus cães desprovidos de material a evitar sujeiras. Ousam parar diante de grades de portões, como se ali fosse um escoadouro. Deslavada falta de educação.

E aqui o pião rodopia, rodopia e recai no lugar comum: educação.

Virou notícia atraente e de toda hora, agressão de alunos a professores. Na missa de domingo, ao fecho, os sacerdotes chamaram as mães à frente para a devida homenagem ao dia a ela dedicado. Numa Paróquia, nessa saudação, o celebrante concitou todas elas à oração, com a particularidade de que todos os fiéis ali presentes incluíssem nas suas preces uma intenção especial. A esperança de que haja mais respeito dos filhos para com suas genitoras.

- Vocês sabem como as coisas estão, concluiu o sacerdote.

Oxalá cada qual saiba conduzir bem suas cantarolas e ver mesmo que na simplicidade e na educação se criam raízes de uma sociedade aceitável.

Que todos acertem também o tiro ao Álvaro.

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