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Publicado: Terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tenha respeito!

Tenha respeito!
Desejar o equilíbrio num mundo repleto de exageros

Durante sete anos trabalhei ao lado de jovens e adolescentes estudantes.  Nesse tempo pude revisitar minha adolescência com frequência e compreender a dificuldade da mente humana, sobretudo na juventude, para perceber que o futuro não é um destino pronto e definido e que as nossas ações refletem substancialmente na vida que queremos ter. 

A convivência diária com a juventude me permitiu, também, pensar nas orientações que gostaria de ter recebido quando adolescente e no quanto uma boa conversa, simples e tranqüila, desprovida de moralismo e intenção pode garantir conforto emocional aos conflitos da complexidade e existência humana; tão presente nessa fase da vida.  

Por isso, sempre que penso em dizer, orientar ou transmitir uma lição aprendida aos jovens ou adolescentes, uma única palavra parece pronta e disposta a amarrar todas as outras na construção da mensagem a dizer. A palavra é RESPEITO.  Palavra fora de moda, talvez.  

Na verdade dos dicionários, a palavra respeito quer dizer reverência, obediência, deferência, submissão. Mas na vida real, só o respeito nos permite compreender que é preciso valorizar a vida para vencer as adversidades, os desafios e as incoerências de um mundo onde “levar vantagem”; “ter razão acima de tudo” ou “vencer a qualquer custo” ditou o tom maior na regência das atitudes em sociedade. Assim, peço licença à etimologia da palavra e aos professores de Português, para definir RESPEITO como o sentimento mais nobre que um ser humano pode desenvolver ao longo da sua história. 

Podemos começar a compreender o sentido da palavra RESPEITO na sua forma egocêntrica.  É o respeito a si próprio. Um sentimento de proteção, de cuidado com o corpo, aquele que nos leva ao médico, às caminhadas diárias, a escolha das roupas adequadas, dos alimentos saudáveis. Do não usar drogas, “beber” com moderação e usar preservativos. Do saber dizer SIM ou NÃO no tempo certo e na forma necessária. Da preservação dos valores culturais, morais e éticos, sem vergonha da moda, do senso comum e da opinião coletiva. É desejar o equilíbrio ainda que num mundo repleto de exageros.  

Mas é preciso também compreender o significado do respeito ao outro. Do “só faça ao outro aquilo que gostaria que fosse feito a você”. É onde mora a boa convivência, a tolerância, a compreensão aos mais velhos, o sentido de honrar pai e mãe, a aceitação aos diferentes, à família, aos pais.  É quando sabemos discernir à hora de ouvir e a de falar ou até mesmo de como escrever um comentário público. O respeito ao outro é a concretude da ética, da honestidade, da afetividade. É a valorização ao sentimento do namorado, colega, vizinho, professor, aluno, chefe ou funcionário. Respeitar o outro e ser respeitado.  

Há ainda o respeito ao meio, à natureza. Ao espaço coletivo, ao patrimônio público.  O respeito à matéria, para que a conquista não nos escravize e nos permita “ter” sem deixar de “ser”. É a prática do nunca destrua nada. Construa. Melhore. Transforme. Arrisque. E plante uma árvore. Mas antes, por favor, respeitem-se uns aos outros. 

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