Tecnologia e insensibilidade

 

O oportuno espetáculo “Philodendrus”, em cartaz no Teatro Municipal do Jockey Clube, no Rio de Janeiro, baseou-se na autobiografia “A Cientista Que Curou Seu Próprio Cérebro”- (Ediouro, 2008), da neurocientista Jill Taylor.

 

Aos 37 anos, Taylor sofreu um derrame que comprometeu parte significativa do hemisfério esquerdo de seu cérebro, afetando a linguagem e o raciocínio. A partir de então, sentiu que habilidades como empatia e intuição pareciam cada vez mais aprimoradas, e foram essenciais ao longo dos oito anos necessários à sua completa recuperação.

 

As redescobertas de sua criatividade e capacidade de analisar situações de perspectivas menos objetivas, foram uma das inspirações para o texto do espetáculo, que discute até que ponto a tecnologia pode limitar os sentidos e a percepção humanas. 

 

Crianças e adolescentes de até 18 anos são considerados privilegiados porque cresceram com a internet, o que lhes favorece a familiarização com a linguagem digital e com as tecnologias digitais de informação e comunicação. 

 

O privilégio traz com ele a rapidez com que princípios como a ética, a honestidade e outros são eliminados ou invertidos sem alarde, como quando “inocentes” jogos são oferecidos com as propostas de “Cortar as cordas dos blocos para esmagar os mini-humanos”, “Empregar suas habilidades para fugir do vigia e realizar o roubo” ou “Proteger os blocos coloridos dos ataques dos furiosos sushis”.

 

É muito fácil absorver que blocos coloridos devem ser salvos, mini-humanos precisam ser esmagados e enganar e roubar são as alternativas para alcançar o sucesso.

 

Inúmeros estudos comprovam que a internet alterou o comportamento dos indivíduos, a maneira com que se relacionam nas redes sociais, e o acesso á informação via sistemas de busca – mudanças que ocorrem nas ligações químicas cerebrais.

 

Resta torcer para que o fato de estarem constantemente plugados a vários dispositivos, serem capazes de ouvir simultaneamente o iPod, assistir á tv, enviar e receber textos no twitter e navegar na internet não crie um ser humano alienado de si mesmo, insensibilizado e cada vez mais inconsciente da sua própria Natureza. 

 

Conteúdo: Tecnologia e alteração comportamental