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Publicado: Segunda-feira, 19 de março de 2012

Supermercados, shoppings, igrejas

Está quase na hora de dar uma saidinha e passar ou por um supermercado ou por um shopping para comprar alguma coisinha, espairecer ou, aproveitando, fazer “as caminhadas”, tão recomendadas pelos fisioterapeutas.

Tenho notado que isso tem ocorrido com certa frequência, pois, aposentado das antigas atividades profissionais, tenho de me entreter e de me ocupar. Nessas andanças, quase sempre, surgem múltiplas reflexões, uma das mais frequentes é a de que como é enjoativo ver bens de consumo infindos, variados, obrigatórios etc., de que todos correm atrás e anseiam e fazem tudo para comprar.

A reflexão se estende, então, com assiduidade para os despossuídos, os considerados pobres (pelas estatísticas e pela vida), que passam longe da maioria dos produtos oferecidos e boa parte, sequer, podem ir a tais lugares. A teoria do comunismo de se repartir tudo com  todos, em absoluta igualdade, é totalmente inviável, como aliás se comprovou nas suas frustradas tentativas de implantação.

Nessas reflexões, relembro com saudades de tempos de adolescência, em que nas saídas de casa para espairecer tornava-se quase que obrigatório dar uma passadinha por alguma Igreja, pois nos encontrávamos na época da florescência do catolicismo no país e as pregações, homilias e práticas religiosas insistiam com entusiasmo no aperfeiçoamento da alma e rejeição ao pecado.

Os cuidados para vida espiritual intensa, objetivando a salvação eterna eram levados a sério, em benefício do convívio social sem perigos, consequentemente mais tranquilo. Com o passar dos anos sob a influência do cinema, que levantava a fimbria dos devaneios sensuais, surgiu a televisão expandindo e aprofundando toda gama de vida prazerosa.

Surgiram, a seguir, os movimentos libertários coroados em Woodstock e rebelião da Sorbonne que consagrou a máxima do “é proibido proibir”. As referências que faço são perfunctórias, próprias da brevidade dos meus textos, daí incluir na mesma superficialidade a informática e inclusos avanços tecnológicos que “balançou o coreto” de uma vez com a internet, blogs, yuo tube, sites, twitters, face books e seus instrumentais como notebook, tablets, ipad et caterva.

Finalizo transcrevendo parte da opinião do escritor Paul Gilding  mencionada em conferência que participou na TED, Califórnia, Estados Unidos, que no fundo sintoniza com minhas preocupações como estou a reflexionar: “ nessa reunião foi advertido que o culto à tecnologia arruinará o mundo, em vez de salvá-lo. Esse escritor alertou para os riscos da obsessão pela tecnologia moderna. Segundo ele, embora a tecnologia impulsione a eficiência e o crescimento econômico, também multiplica uma ânsia pelo consumo que o planeta não pode suportar. A Terra está cheia, disse no evento.Está cheia de nossas coisas, de nossos resíduos e de nossas demandas.” (C. Popular de 6/3/2012). 

Está no tempo de retornarmos às nossas Igrejas, procurando o conforto, a segurança e a paz, coisas ardentemente desejadas, que não estamos encontrando no mundo moderno, que relega Deus para segundo plano.

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