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Publicado: Domingo, 16 de setembro de 2007

Sobre o Clero - Parte Oito

 No último artigo desta série sobre o clero da Diocese de Jundiaí, cabe uma importante explicação. O fato de o articulista não ter citado um ou outro padre ou diácono não pode ser tomado como desmerecimento. Infelizmente, o espaço e a paciência do público é curto. Não dá para falar de todo mundo sem editar um livro só para isso. Assim sendo, encerro esta epopéia falando daquele que exerce autoridade sobre todos os anteriormente citados: nosso bispo diocesano Dom Gil Antônio Moreira.
 
Era o início de 2004 e eu aproveitava as férias quando Dom Amaury Castanho me telefonou: “Filho, você tem que interromper seu descanso e vir para Jundiaí amanhã... O Papa João Paulo II nomeou o meu sucessor e temos muito trabalho...”. Adeus férias e Dom Amaury sequer me deu a satisfação de antecipar o nome de seu sucessor.
 
Na manhã de 7 de janeiro daquele ano foi que ouvi pela primeira vez, junto com os outros profissionais da Imprensa presentes a uma Coletiva, o nome de Dom Gil Antônio. Muito me agradou a descrição feita dele por Dom Amaury: bispo jovem, zeloso, ciente da importância das tradições e ao mesmo tempo apto a conviver com os desafios impostos pela modernidade à Igreja.
 
Foi durante o meu trabalho na Residência Episcopal que um bispo me apresentou ao outro. Respeitosamente, como sempre faço, osculei o anel de Dom Gil e logo Dom Amaury falou de mim para ele. Lembro-me que tinha muita curiosidade. Quem é esse homem? Como ele age? Como exerce o episcopado? No que poderei ser útil para ajudá-lo em sua nova missão?
 
Dom Gil foi empossado e Dom Amaury veio para Itu. Seguindo ainda o segundo, achei melhor acompanhá-lo em sua emeritude. Dispensei-me das minhas atribuições na Cúria e optei por ficar mais próximo do bispo emérito. Mesmo assim, tentei contribuir com minhas obrigações de fiel em relação ao seu bispo. Sempre que Dom Gil vinha a algum compromisso na cidade, lá estava eu. Era inadmissível que o bispo, maior autoridade eclesiástica na Diocese, viesse a Itu sem ser noticiado. Dom Amaury apoiava, incentivava e aprovava essa minha postura.
 
De evento em evento, a convivência aumentou. Do simples cumprimento, a oportunidade de mais conversas foram surgindo. Fui conhecendo Dom Gil e ele foi me conhecendo, além do que as pessoas comentavam de mim e vice-versa. Depois de uma celebração ou solenidade, ao oferecerem ao bispo um jantar ou lanche, ele me convidava também. “Onde o frade canta, também janta” é o que me dizia com bom-humor. Era prova de sua amizade e para mim outra ocasião de aprender mais com suas palavras e histórias. Certa vez, achando ser muito esperto, respondi a esse ditado falando: “Claro, Dom Gil... Saco vazio não pára em pé”. Ao que ele, instantaneamente, replicou: “É... Mas saco muito cheio também não dobra”, numa curtíssima observação sobre o pecado da gula.
 
De tanto acompanhar os meus trabalhos na imprensa católica, Dom Gil Antônio passou a conhecer também o meu lado profissional. Talvez por isso tenha me convidado a fazer parte da equipe do jornal diocesano “O Verbo”, do qual orgulhosamente participo desde março de 2006. Dom Gil demonstra claramente ser um homem de visão. É extremamente zeloso em suas funções, sábio em tudo o que se possa imaginar em relação à Igreja e sempre disposto a dividir conosco, os mais jovens, as coisas que aprendeu.
 
Muitos não têm noção do que representa um bispo para a Igreja. Ele é administrador, é sacerdote. É chefe e é Pastor. É irmão de fé, mas também Pai na fé. A ele devemos respeito e admiração, tanto pela opção de vida que assumiu quanto pelas responsabilidades que tem de enfrentar no cotidiano. Presenciando a rotina, primeiro de Dom Amaury e agora de Dom Gil Antônio, digo que só Deus sabe o quão estafante é a mesma. O bom é ver que nosso bispo se realiza em seu episcopado e a minha alegria é poder contribuir, mesmo que no mínimo, para que tudo seja conforme suas expectativas.
 
Encerrando esta série de artigos sobre o clero, não tenho medo de afirmar o meu carinho por tantos padres, diáconos e bispos. São membros da grande família dos Filhos de Deus, dignos do nosso respeito acima de tudo. Que Deus abençoe a todos eles e que possam continuar nos dando muitas histórias alegres para contar, além dos necessários testemunhos de amor e fidelidade ao Reino.
 
Amém.
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