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Publicado: Quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Shinrin-yoku - a terapia da floresta

Crédito: Domínio Público Shinrin-yoku - a terapia da floresta

Não é apenas impressão o sentimento de bem estar que sentimos no contato com mar, montanhas, rios e cachoeiras. Nem uma mera coincidência quando buscamos refúgio em bosques, parques, praças e reservas florestais para nos acalmar.

O “desejo de natureza” sinaliza a existência de uma memória quase esquecida, a partir da premissa de que passamos a maior parte dos cinco milhões de anos de evolução como primatas, em meio a ela.

Em 1984, Roger Ulrich - primeiro cientista a fazer pesquisas relacionadas ao assunto - demonstrou que a natureza faz bem, ao comparar pacientes em quartos com janelas voltadas para árvores com outros, cujas janelas ofereciam vista para uma parede de tijolos.

Os pacientes com acesso ao verde saíram mais cedo do hospital, tomaram menos analgésicos e sofreram um menor número de pequenas complicações pós-cirúrgicas.

Ulrich também investigou os benefícios da natureza virtual, concluindo que os níveis de estresse de pessoas que esperavam em uma sala para doar sangue eram mais baixos quando a TV mostrava imagens de ambientes naturais, do que no momento em que figuras de cidades apareciam. No Brasil, diversos hospitais e consultórios médicos já incorporaram o recurso.

Pesquisas de Miyazaki, da Universidade de Chiba, no Japão, comprovaram que caminhar em ambientes naturais elevou em 56% um determinado tipo de glóbulos brancos nos indivíduos acompanhados. Uma quantidade 23% maior das células em relação ao estado original foi mantida durante um mês após a caminhada e o retorno à vida urbana.

Além dos glóbulos brancos, foram analisadas as quantidades de cortisol - um indicador de estresse - a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos. Ocorreram reduções de 16% no cortisol, 4% nos batimentos cardíacos e 2% na pressão arterial, entre outros efeitos.

O governo japonês já investiu, desde 2004, US$ 4 milhões em pesquisas sobre o assunto e, em 2014, a prática foi incorporada por 25% da população, que conta com locais para a prática de Shinrin-yoku, a Terapia da floresta, Florestoterapia ou Banho de Floresta.

Não é necessário visitar os campos de lavanda franceses. Uma caminhada ao longo de um córrego, a vista de uma mata ou a existência de plantas em sua casa também trazem benefícios. Basta se conectar a elas, comungar, meditar ou relaxar, como preferir. Cinco minutos de imersão na natureza é tudo o que é preciso para elevar o espírito, afirma o professor Jules Pretty, da Universidade de Essex, Estados Unidos, que sintetizou os resultados de uma dúzia de estudos sobre os efeitos da natureza no ser humano.

As explicações para os benefícios variam. Ninguém sabe ainda ao certo como a mágica acontece. Mas que ela acontece é mais que verdadeiro.

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