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Publicado: Quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sem voz nem vez

Os Correios, em pesquisas públicas de algum tempo, sempre despontavam como uma das instituições mais confiáveis. Não se poderá dizer, ainda agora, que esse serviço essencial não seja satisfatório.

Os seus servidores, no entanto, insatisfeitos, optaram pela greve, por questão salarial e outras melhorias.

Sobra a consideração de que uma greve dos Correios detona automaticamente danos e preocupações, entre as quais assomam as faturas não entregues, sujeitas a acréscimos junto aos Bancos. As casas bancárias, tão logo eclodiu a decisão dos Correios, passaram a recomendar que os clientes cuidassem de se avistar diretamente com aquela empresa, porque encargos por atraso não seriam liberados. Uma alternativa bisonha, própria e característica por parte da mais rentável das atividades, das quais os cidadãos são usuários compulsivos. Saída confortável para as entidades financeiras e desastrosa para os clientes. Uma interrompe atendimentos e outra se safa de responsabilidades. O público, sem opção.

Sem voz nem vez.

Outro acontecimento em que se devolveu ao povo toda a responsabilidade, foi o do acidente de quinta feira, 15, na via ascendente da rodovia dos Imigrantes, km 41. Veículos se envolveram em gigantesco engarrafamento por falta de visibilidade, a uma hora da tarde. Considere-se milagre que, sempre lamentável embora, apenas uma pessoa tenha falecido. Feridos, muitos.

O que outra vez chama a atenção, decorre das evasivas quanto à apuração de responsabilidades.

 Alguns absurdos.

Uma primeira explicação, vazia, informava que – ainda – não tinha sido possível apurar qual fora o primeiro “culpado” a ensejar o desastre. Ora, salvo apuração mais técnica, a desídia inculpa em primeiro lugar, não o coitado que se viu às cegas de repente num imprevisto, mas sim e fundamentalmente a concessionária, regiamente paga para zelar pelo trânsito, em todas as situações e circunstâncias. As notícias e os depoimentos dos usuários denunciam que a certa altura não se via mais nada à frente. Urgia, pois, por iniciativa da concessionária, redirecionar tempestivamente o fluxo do trânsito. Ou até, excepcionalmente, paralisá-lo de vez, com a necessária antecedência.

A indisfarçável fuga da concessionária se confirmou ao revelar que 104 veículos se amontoaram, enquanto que a polícia rodoviária totalizou quase trezentos. Posteriormente, técnicos e peritos outros, concluíram, em exames nos locais, que a sinalização para prevenir casos de neblina, nevoeiros e agravantes, naquela região, deixa muito a desejar. Veio à mídia a superintendência da concessionária para declarar que seriam tomadas novas e mais providências a evitar ocorrências do gênero. Agora?

Para completar, como prudente e necessariamente, em rescaldos, veículos passíveis de recuperação, foram recolhidos ao pátio de estacionamento próximo, mas ao depois ali saqueados, as seguradoras informaram que quanto a esses carros, se eximiam de ressarcir os danos.

Em suma, de novo, a mesma situação, com o povo deixado à própria sorte.

Sem voz nem vez.

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