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Publicado: Quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Saudade dos velhos carnavais

Saudade dos velhos carnavais

Itu e as marchinhas carnavalescas


Para muitos o carnaval é época de muita festa e folia, mas para outros, é apenas um feriado prolongado.

Memorizando o ontem, lembramos com saudade dos velhos carnavais.

Mudou o carnaval ou mudei eu? Nos meus tempos de infância o carnaval era de muito respeito entre todos os foliões. As escolas de samba, os blocos, o famigerado “boizinho”... tudo era festa, a lembrança que tenho destes dias enevoados pelo tempo é de confetes coloridos, serpentina, espirrador (com água) e muito brilho. Lantejoulas e paetês. O som mais visível eram as marchinhas e os tamborins que tocavam alegria.

Porém, quando chegava na quarta-feira de cinzas, à meia noite, tudo se revestia de um maior silêncio. Não se falava mais em carnaval. As casas e ruas eram varridas para não haver vestígios dos confetes e serpentinas. Tinha alguns que se autodeclaravam culpados por ter “brincado o carnaval”.

Na quarta-feira de cinzas iniciava a quaresma e, com ela vinha o jejum e a abstinência. Eram hábitos quase que sagrados.

Olhando um pouco para trás, vemos que mudou muito o carnaval de antigamente. Mudaram os tempos e nós mudamos. Hoje, imperam os sambódromos, que são avenidas falsas, palcos de um faz-de-conta. Tudo é encenação com farto exibicionismo. As fantasias, os trajes sumários, os enredos das escolas de samba (carnavalescos cantando frases que ele mesmo não entende), a mulata globeleza, os integrantes da bateria que deixam os dedos em carne viva em troca do aplauso, a passista de sandálias douradas, o mestre-sala e a porta-bandeira, tudo numa mistura de fantasia e alegria.

Vejo os desfiles pela televisão e os comparo com os velhos carnavais. Na festa popular era colocada em evidência, a riqueza de nossas culturas de origem, como, por exemplo, as expressões artísticas de saudosas marchinhas e danças folclóricas, a criatividade dos blocos, tudo num feeling de preservação da beleza das apresentações alegóricas, entre arlequins, pierrôs, colombinas, odaliscas, que enchia nossos olhos de alegria e imaginação.

Lembrei-me disso tudo enquanto redigia este texto. Fui mais além e recordei também de uma marchinha que uma vez memorizada recusa-se a abandonar o meu arquivo cerebral, de modo que, serve agora, de final para este artigo. “Se recordar é viver, eu ontem sonhei com você”.

Tudo pode ser mudado, mas permanece a saudade dos velhos carnavais que vivemos.

Em tempo: Neste ano o carnaval de Itu trará de volta as antigas marchinhas. Os quatro dias de carnaval na Praça da Matriz não terá o glamour dos blocos, mas teremos a magia das marchinhas saudando o nosso carnaval.

Bom carnaval a todos!

Ditinha Schanoski

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