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Publicado: Sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Rios invisíveis

Rios invisíveis

Um dos grandes mitos, especialmente em relação aos litorais paulista e paranaense, é uma espécie de savoir-vivre comum à quem vive à beira-mar.

A colonização do Brasil, como bem se sabe, começou a partir do litoral. A primeira vila do Brasil que se tem notícia é a de São Vicente, vizinha de Santos, a principal cidade da costa bandeirante.

Morar numa cidade de praia é igual a morar em qualquer outra cidade do país, só que com uma praia do lado. Ou seja: nem tudo são flores.

A ideia de que morar em cidade de praia é melhor, tem sempre aquele clima de férias, pode se revelar um erro e um desconceito inadequados no nascedouro.

O mesmo congestionamento que um(a) leitor(a) em qualquer cidade da região de Itu, Grande Campinas, Grande Sorocaba e Vale do Paraíba enfrenta todo santo dia é igualzinho ao que enfrentamos aqui às 18 horas.

Em bairros como o famigerado Gonzaga, ou nos da orla, como Boqueirão, Embaré e Ponta da Praia, encontre um lugar para estacionar e os mistérios da humanidade se revelarão para o(a) feliz motorista que conseguir tal façanha.

Os mesmos assaltos, os mesmos assassinatos, tudo isso misturado a movimentações de carga em containers, um monte de navios fundeados, e tentem imaginar o quanto isso pode afetar a qualidade das férias, ou da praia, que algum(a) desavisado(a) queira curtir nesse verão.

Isso sem contar com um sol de 45º C sobre o couro de quem for... não há ventos, uma sauna garantida. É o triplo de esforço para um simples passeio que não seja além das 17h, sem a menor garantia de que um(a) eventual turista não corra para o ar-condicionado de um dos vários shopping centers da cidade.

Id est, talvez a única coisa que não seja procurada num verão como esse é justamente a praia.

Para turistas, até o próximo feriado prolongado. Mas para quem mora aqui, tarefas quase diabólicas.

A benção é quando chove: alivia bastante tudo. A vida volta aos eixos com temperaturas decentes. Contudo, os litorais paranaense e paulista são curvas de frentes-frias e, quando dana a chover, esqueçam o über: qualquer embarcação pode facilmente substituir os veículos de motor à combustão.

Sendo Santos uma cidade nacionalmente conhecida pelos seus canais, é preciso entender que quando a companhia canadense City & Improvements deu o mobiliário urbano presente até hoje muitos rios e riachos tiveram de ser canalizados.

Pois tentem fazer ideia desses riachos recebendo água das galerias pluviais principalmente quando a maré sobe: se o seu veículo não for anfíbio, no way.

Os alagamentos são normais por aqui, mas até o(a) visitante estar ciente disso, inês é morta...

E uma água boa para acabar com aço: uma mistura de água da chuva com água do mar. Já não bastasse a corrosão natural de qualquer material causada pelos ares marinhos, o domínio inadequado da natureza pode amplificar o tamanho dos prejuízos.

O conselho: visitem Santos o ano todo. Caso queiram morar aqui, consultem um(a) morador(a) primeiro. Tem praia, mas não é o paraíso.Um dos grandes mitos, especialmente em relação aos litorais paulista e paranaense, é uma espécie de savoir-vivre comum à quem vive à beira-mar.

A colonização do Brasil, como bem se sabe, começou a partir do litoral. A primeira vila do Brasil que se tem notícia é a de São Vicente, vizinha de Santos, a principal cidade da costa bandeirante.

Morar numa cidade de praia é igual a morar em qualquer outra cidade do país, só que com uma praia do lado. Ou seja: nem tudo são flores.

A ideia de que morar em cidade de praia é melhor, tem sempre aquele clima de férias, pode se revelar um erro e um desconceito inadequados no nascedouro.

O mesmo congestionamento que um(a) leitor(a) em qualquer cidade da região de Itu, Grande Campinas, Grande Sorocaba e Vale do Paraíba enfrenta todo santo dia é igualzinho ao que enfrentamos aqui às 18 horas.

Em bairros como o famigerado Gonzaga, ou nos da orla, como Boqueirão, Embaré e Ponta da Praia, encontre um lugar para estacionar e os mistérios da humanidade se revelarão para o(a) feliz motorista que conseguir tal façanha.

Os mesmos assaltos, os mesmos assassinatos, tudo isso misturado a movimentações de carga em containers, um monte de navios fundeados, e tentem imaginar o quanto isso pode afetar a qualidade das férias, ou da praia, que algum(a) desavisado(a) queira curtir nesse verão.

Isso sem contar com um sol de 45º C sobre o couro de quem for... não há ventos, uma sauna garantida. É o triplo de esforço para um simples passeio que não seja além das 17h, sem a menor garantia de que um(a) eventual turista não corra para o ar-condicionado de um dos vários shopping centers da cidade.

Id est, talvez a única coisa que não seja procurada num verão como esse é justamente a praia.

Para turistas, até o próximo feriado prolongado. Mas para quem mora aqui, tarefas quase diabólicas.

A benção é quando chove: alivia bastante tudo. A vida volta aos eixos com temperaturas decentes. Contudo, os litorais paranaense e paulista são curvas de frentes-frias e, quando dana a chover, esqueçam o über: qualquer embarcação pode facilmente substituir os veículos de motor à combustão.

Sendo Santos uma cidade nacionalmente conhecida pelos seus canais, é preciso entender que quando a companhia canadense City & Improvements deu o mobiliário urbano presente até hoje muitos rios e riachos tiveram de ser canalizados.

Pois tentem fazer ideia desses riachos recebendo água das galerias pluviais principalmente quando a maré sobe: se o seu veículo não for anfíbio, no way.

Os alagamentos são normais por aqui, mas até o(a) visitante estar ciente disso, inês é morta...

E uma água boa para acabar com aço: uma mistura de água da chuva com água do mar. Já não bastasse a corrosão natural de qualquer material causada pelos ares marinhos, o domínio inadequado da natureza pode amplificar o tamanho dos prejuízos.

O conselho: visitem Santos o ano todo. Caso queiram morar aqui, consultem um(a) morador(a) primeiro. Tem praia, mas não é o paraíso.

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