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Publicado: Quarta-feira, 8 de maio de 2019

Quando agradeci 30 anos depois

Crédito: Arquivo Pessoal Quando agradeci 30 anos depois
30 anos se passaram. mas sempre seremos os filhos da Psico-Puc.

Quem sou eu daquela que era há 30 anos? O que em mim lembrou dos rostos esquecidos com o tempo? Onde mora a memória adormecida que acordou no encontro de um olhar? O que ficou daquilo que era e o que nasceu daquilo que não foi? Se fosse hoje, como seria o ontem que eu não amanheci por vergonha?

Encontros e reencontros de 30 anos de formada. Um tempo que cortei em pedaços, por me sentir aos pedaços. Com 20 e poucos anos não sei se era possível ir além do que o meu anseio pedia. Foram tempos difíceis nos quais as perguntas ocupavam todos os espaços do meu ser, com inquietações quase insuportáveis.

Não tenho saudades dessa época, nem dos corredores largos onde me abandonava em conversas intermináveis. Não sinto nostalgia de quem eu era, tão pequena em confiança, tão grande em sonhos. Não havia respostas e nem o senso de pertencimento, porque naquele espaço inabitado dentro de mim não era possível pertencer.

Mas 30 anos se passaram. Os pedaços puderam ser recolhidos em união, formando uma figura inteira e caleidoscópica. O vazio ganhou preenchimento. A sensação de não me encaixar explodiu em novas cenas possíveis. Como é bom chegar à maturidade com certa sabedoria.

Estávamos em 30 e poucas pessoas. Vi diversidade, respeito e escuta. Vi verdade nas buscas, coragem nas escolhas. Fiquei feliz ao perceber mais interesse do que julgamento. Vi ternura nos abraços, curiosidade nos olhos, carinho nas palavras. Me senti acolhida, podendo ser eu mesma sem disfarces. E assim observei a maioria das pessoas, podendo brilhar o seu sol e contar dos seus diferentes e belos caminhos. Eu poderia passar a noite ouvindo tantas histórias!

Somos filhos da Psico-Puc. Que turma bacana! Quantas cores eu enxergo hoje! Que alegria poder ver o que não vi, ser o que não fui, falar o que calei.

O tempo cura se a gente não desiste. Mas às vezes precisa passar 30 anos.

Agradeci em silêncio.
Escrevi no silêncio.
Para romper o silêncio.

Deborah Dubner tem plantado sementes de Gratidão com o seu livro "A Prática da Gratidão" e também em rodas de conversas, palestras e workshops. Pela palavra e pela Dança Circular, leva inspirações que acordam o olhar para novas possibilidades, transformando o cotidiano em uma obra de arte.

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