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Publicado: Sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Procelas prováveis

Não se sabe de outros cronistas – há muitos milhares deles Brasil afora – como se sentem na sua faina específica, numa época em que vem à tona uma notória avalanche de ocorrências catastróficas. O mundo está sacudido.

Aqui, povo e os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, com desdobramento nos Estados e Municípios – parece que estiveram todos adormecidos, durante dezesseis anos de corrupção avassaladora.

O povo, uma vez que se o menciona de novo, esse na verdade não teve acesso a pormenores e escândalos, somente agora devassados na sua inteireza, a indicar pois muito lixo ainda a vir à tona.

Provocado tardiamente, somente porque advieram as eleições gerais, é que o véu da incúria foi desvendado na sua possível inteireza. Mesmo assim – e isso ficou claro – só por causa da disputa eleitoral, a revolver lixeiras fétidas e ardilosamente escondidas.

E, por fim, porque houve segundo turno, se propiciou o embate duplo e mais candente, um para cada lado. Não obstante arraigados os do lado de lá, caiu-lhes a máscara da face e, só aí então, o povo acordou. O povo, força de expressão. Há que se levar em conta que não são poucos nem desprezíveis, os seduzidos pela malfeitoria de lideranças despudoradas.

Vitoriou-se então a ala tanto do desespero como da esperança, bandeira desfraldada fortemente no intento sério de banir malfeitores do país.

Entretanto ...

Entretanto, mesmo antes da posse, o presidente recém-eleito sente o quanto vai enfrentar de dificuldades.

Com mais assiduidade agora, conclusões e pareceres otimistas com a vitória do segundo turno, terão de ser repensados aos poucos.

Eis que, devagar e ardilosamente, aflora a cara verdadeira do componente como um todo – bloco monolítico – na reação de importantes setores:

O Judiciário, no gozo de elevação em cascata de salários, constrangedora e inoportuna; projeto de lei destes dias, autoria de congressista, conhecido e denunciado por falcatruas sem fim, para desqualificar desvios de propina desde que isentos de violência (corresponderia a excluir o “furto” do Código Penal); o mostrengo jurídico do Indulto de Natal a praticamente propiciar uma liberação geral das cadeias; o Judiciário, privilegiado, a levantar bandeira contra a supressão do auxílio-moradia.

Ações, gestos e posturas, da parte de quem, explicitamente, parece permitir e deduzir a quem direcionou seu voto nas recentes eleições.

É inequívoco e insanável, mesmo a médio prazo, o cancro que caracteriza o Brasil, perante o conceito interno e externo.

Aqui, a corrupção é congênita e endêmica.

Congênita, gerada automaticamente e ao mesmo tempo. Inata. Arraigada.

Endêmica, peculiar a certos povos e regiões definidas.

 

 

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