Publicado: Quarta-feira, 15 de julho de 2009
Povo sem rumo
À guisa apenas de rememorar – faz-se menção de que se vive em 2009, na liturgia católica, o Ano “B”, mediante o enfoque destacado do evangelista São Marcos.
A Igreja, porém, também nos anos “A” e “C”, de Mateus e Lucas, permeia algumas datas ou períodos com qualquer dos três, além de entre eles introduzir o evangelho de João.
São Marcos cuida da narração de hoje, 19 de julho, os curtos versículos, de 30 a 34, do capítulo sexto. E só volta, no Vigésimo Segundo Domingo Comum, em 30 de agosto.
Nesse quase mês e meio estará aqui, portanto, São João por quatro semanas consecutivas e, na quinta, haverá um texto de Lucas.
Naquele tempo, “os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado.
Ele lhes disse:
“Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”.
Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo, que não tinham tempo nem para comer.
Então foram sozinhos de barco, para um lugar deserto e afastado.
Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles.
Saindo de todas as cidades, correram a pé e chegaram lá antes deles.
Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram ovelhas sem pastor.
Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.
Os discípulos, mandados à missão, estavam de volta.
Eles, ansiosos por contar o êxito de seu trabalho, foram ter com Jesus, que, por sinal, já os esperava.
Muita alegria e vibração, por tantas curas e conversões.
Entretanto, o cansaço os pusera exaustos.
A turba em volta, o povo simples e fiel, sequioso de que se lhe desse um sentido na vida, queria participar do reencontro do Mestre com os discípulos. Interessava à gente comum saber das coisas.
Para poupar os amigos, Jesus convidou os doze, para irem à outra margem do lago.
Os populares, atentos e inquietos, perceberam essa movimentação e empreenderam um contorno por terra e chegaram antes do grupo de Jesus.
Era uma multidão perdida, desorientada e súplice de apoio e compaixão. Sem rumo, mas que decidira por ouvir e acatar as pregações e os ensinamentos de Jesus e de seus acompanhantes mais próximos.
E Jesus se compadeceu do povo.
As multidões modernas, as nações, as populações enfim, não se deram conta de que estão à deriva.
Ciosa da garantia material e sucessos passageiros, com tempo e haveres, estão a pensar que todo bem a isso se resume.
A parcela pobre e miserável apega-se aqui e ali, em seitas e credos que satisfaçam o seu imediatismo.
Haja sim vida digna e feliz que a todos aproveite; uma relativa paz e bem estar.
Difícil, porém.
Improvável.
Estrito, objetivo, claro e pleno de bondade no seu anúncio, Jesus deixou a senha para a obtenção de um gozo maior, o da vida eterna.
Qual senha? A do amor.
Tem-se tudo na terra e igualitariamente divididos os bens, haveria para os homens todos e ainda sobraria.
Isso, sob a lei do amor.
Mas os homens não se amam.
Digladiam entre si.
Perdem a vida terrena e se arriscam a não ganhar a dos céus.
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