Ponto de Vista
Depois do falecimento do meu avô materno, o qual continua sendo tudo e a minha referência diária, algumas coisas mudaram em minha vida, dentre elas, a maneira como encaro a vida e a morte, além de meus antigos medos, os quais deixaram de existir.
Após este falecimento, seguiu-se cerca de um ano e meio e nos deparamos com o falecimento de minha avó, justamente conforme meu avô havia nos orientado antes de seu partir. E eu encarei aquela situação com normalidade, o sofrimento que existiu quando meu avô partiu, não foi o mesmo quando de minha avó.
Eu me senti frio, e aos poucos percebi que passei a encarar algumas situações de minha vida de uma maneira diferente, com outro olhar, eu que era uma pessoa materialista, deixei o egoísmo de lado e tendo em vista as diferenças que eu sentia aflorar, busquei o conforto da doutrina espírita, a qual já estava familiarizado através do meu avô.
Iniciei os meus estudos e li alguns livros, dentre eles o Livro dos Espíritos, no qual encontrei respostas para diversas dúvidas que circundavam a minha mente e posso afirmar que se deu início a uma reforma interna a qual me fez e faz muito bem. Esta reforma é contínua, não termina, pois estamos muito longe de alcançar a perfeição e temos sempre de trabalhar o nosso interior antes de apontar o dedo para os demais, os quais devemos amar sem distinções.
Na doutrina espírita, traduzida nas lições transcritas por Allan Kardec, busquei o porquê disso, deste sentimento e do modo com que eu encarava a vida e a morte, além de tantos outros.
Dentre tantos textos do Evangelho Segundo o Espiritismo, me deparei com o seguinte o qual me chamou a atenção, trata-se de um ponto de vista, o qual transcrevo para vocês:
“A idéia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável no porvir, e essa fé tem conseqüências enormes sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista pelo qual eles encaram a vida terrena. Para aquele que se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é infinita, a vida corporal não é mais do que rápida passagem, uma breve permanência num país ingrato. As vicissitudes e tribulações da vida são apenas incidentes que ele enfrenta com paciência, porque sabe que são de curta duração e devem ser seguidos de uma situação feliz. A morte nada tem de pavoroso, não é mais a porta do nada, mas a da libertação, que abre para o exilado a morada da felicidade e da paz. Sabendo que se encontra numa condição temporária e não definitiva, ele encara as dificuldades da vida com mais indiferença, do que resulta uma calma de espírito que lhe abranda as amarguras”. (O Ponto de Vista – Capítulo 1 – Obra citada).