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Publicado: Quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Pensar a Amazônia

Pensar a Amazônia
A Igreja quer pensar nos problemas da Amazônia
Como acontece anualmente, na Quarta-Feira de Cinzas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lançou oficialmente a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é “Fraternidade e Amazônia” tendo como lema “Vida e Missão Neste Chão”. Em todas as paróquias do Brasil a CF 2007 foi apresentada aos fiéis com o objetivo de refletir sobre esse importante tema.
        
As Campanhas da Fraternidade são uma iniciativa tipicamente brasileira. A idéia é que todos os católicos possam refletir conjuntamente sobre temas sociais de relevância para todos os segmentos da população. Como instituição presente de inúmeros modos na sociedade brasileira, a Igreja deseja refletir, estudar, analisar os problemas brasileiros. Mas não só isso. Além de orientar seus fiéis, os exorta a pensar em soluções para as mazelas sociais.
        
Por que falar na Amazônia? Para os que residem nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, o tema pode parecer meio distante. Afinal, muitos dos problemas amazônicos são inexistentes nessa região. Porém, há muitos outros enfrentados pelas pessoas que lá habitam e é preciso que, como parte de uma nação que é o Brasil, tenham direito a ver suas questões pensadas e resolvidas pela sociedade.
        
A CF 2007 não deve ser encarada como uma campanha ecológica. É claro que as preocupações com o desmatamento e a preservação das riquezas, da fauna e da flora local são constantes. Entretanto, não devemos reduzir nossos pensamentos somente a essa questão. Os habitantes da Amazônia são obrigados a conviver com problemas como falta de estrutura básica em moradia, falta de saúde e educação, desemprego e violência.
        
Considerada por muitos como um patrimônio da humanidade, falta o próprio Brasil olhar seriamente para a região. Economicamente falando, trata-se de um lugar com muitas riquezas a serem exploradas. É claro que isso só traria benefícios para o país. Porém, teria de ser feito como um negócio auto-sustentável, para que as mesmas riquezas pudessem se renovar continuamente e beneficiar a população local.
        
Entre tantas questões para serem resolvidas, preocupa-me mais a questão da violência. Misturam-se os interesses do trabalhador comum, dos sindicalistas, dos políticos, dos madeireiros, dos grileiros de terras públicas, dos sem-terra. Numa região considerada “sem lei”, onde muitas vezes o poder do Estado não chega, as coisas acabam sendo resolvidas pelo cano do revólver. É lamentável.
        
A Igreja Católica não se omite em discutir as questões amazônicas e a CF 2007 prova tal fato. Há milhares de padres e leigos preocupados em encontrar soluções para melhorar a vida do povo. Daqui da nossa Diocese de Jundiaí, dois sacerdotes encontram-se na Diocese de Marabá, no Pará.
 
Em plena região amazônica, Padre Venilton Calheiros e Padre José Luiz Nascibem contam que o povo de lá é simples e acolhedor, donos de um fervor magnífico. Ambos estão em seu segundo ano como missionários na região. A partir de 2008 devem ser substituídos pelos padres José Roberto de Oliveira (da Paróquia Sagrada Família, em Itu) e Luís Carlos Dias Aranha (Paróquia São Pedro Apóstolo, em Jundiaí).
 
Todos devemos defender melhores condições de existência para os habitantes da Amazônia. Todos devemos lutar para preservar suas riquezas naturais. Todos devemos nos esforçar para que seus problemas sejam solucionados. A CF 2007 pode ser a oportunidade de fazer valer o esforço de tantas pessoas que defenderam a Amazônia até mesmo com a própria vida, entre elas a Irmã Dorothy Stang, missionária norte-americana, assassinada em 2005 a mando de fazendeiros. E também o sindicalista Chico Mendes, igualmente assassinado, reconhecido internacionalmente como um defensor da região.
 
Amém.
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