Pensamentos voadores

Os pensamentos são como aves.

Primeiramente, quando livres, eles são difíceis de serem capturados. Você pode armar aquela armadilha convencional e esperar pacientemente com que os danados mordam a isca e você puxe a cordinha. Mas por muitas vezes, ‘’muito tempo’’ é pouco para definir o tanto de tempo que eles não vêm. E a pior semelhança nesse aspecto são as vezes em que você perde a paciência, desiste e eles começam a vir em montes, comerem a isca e simplesmente irem embora.

Também, assim como as aves, os pensamentos não possuem a mesma beleza depois de capturados. Eles tem um aspecto sem vida, um gorjeio triste de quem não está acostumado com aquilo. De quem, na verdade, deveria ser livre.

Ainda podemos citar que as aves mais bonitas são raras e difíceis de serem capturadas. Bem como os pensamentos. Os mais construtivos, belos, profundos; dentre outros adjetivos, muito dificilmente são capturados. O caçador deve ser muito bom.

O pior de tudo é que, diferente das aves, o pensamento não fica guardado na memória por tanto tempo. Eles apenas passam e vão embora se você não puder prendê-los. Sendo assim, uma vez perdido, seu pensamento se foi para sempre. Sem ser estudado, catalogado, registrado, reproduzido.

Por fim, é importante que alguns pensamentos sejam mantidos em cativeiro, pois é a única maneira de preservarem-se algumas espécies vivas, saudáveis e para que elas não corram risco de extinção.