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Publicado: Segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pecar não é preciso! Perdoar é preciso!

Não podemos deixar as fraquezas humanas tomarem conta da nossa vida.
 
Lembrei-me de uma narrativa lida há algum tempo. Um homem descobriu que sua mulher o traiu; enfurecido, botou-a para fora de casa. Transtornado, procurou apoio junto a um velho amigo cristão, para quem desabafou: “Minha mulher me traiu e eu não aguentei. Mandei-a embora”. “É isso mesmo, bem merecido o castigo para essa irresponsável...”, completou o amigo que, diante do susto de seu confidente, continuou: - agora, quer saber o que Cristo lhe diria? “Procure sua mulher, traga-a de volta para casa e a perdoe, dando-lhe uma nova oportunidade...”
 
Esse fato não é dos mais fáceis para o ser humano, e pode muito bem ajudar-nos a penetrar um pouco no tema proposto. Neste, como em tantos outros casos, nem sempre é fácil perdoar, mas é a única saída. É evidente que ela não deveria ter agido assim. No entanto, somos todos falíveis, passíveis de erros e sem o perdão tudo se torna definitivo: julgamos e damos a sentença da condenação, sem direito a recurso, apelação.
 
É bom que entendamos: o perdão não significa que não seja preciso pagar o preço do pecado, nem que suas consequências possam ser ignoradas. O próprio Jesus, invariavelmente, ao perdoar àqueles que o procuravam, deixava uma última sentença: “vá e não peque mais!”. É esse, talvez, o maior preço do perdão de nossos pecados: o arrependimento e o firme propósito de não mais praticá-los. É o preço de uma segunda oportunidade, garantida pela reconciliação e pela esperança de uma vida nova, livre do peso do pecado...
 
É bom atentarmos para a oração do Pai-Nosso, onde reconhecemos a nossa necessidade de sermos perdoados, bem como assumimos o compromisso de também perdoar. Não é fácil reconhecer as fraquezas, humilhar-se, arrepender-se, pedir perdão, como não é fácil usar de mansidão, misericórdia, compreensão e perdoar. Entretanto sem essa dinâmica cristã, a vida tornar-se-ia dura demais, intransigente, rigorosa, rancorosa, vingativa. Quem se salvaria? 
 
Criado com bondade e para a bondade, o homem experimentou o mal. É fato que somos pecadores, todos nós, mas é igualmente verdade que o pecado não anulou, não substituiu nosso lado bom. Apenas tornou nossa vida mais difícil.
 
Sem dúvida, o pecado é um grande mal, responsável pelas situações de desarmonia e de sofrimento que nos rodeiam. Seja ele individual ou social, ninguém peca sem querer. Escolhemos caminhos mais fáceis, mais agradáveis, mais rentáveis; trocamos Deus por bens, como o dinheiro, o poder, o prazer... tornamo-nos insensíveis e interesseiros, egoístas...
 
Nenhum barco chega ao verdadeiro destino largado à deriva. Sem um rumo, uma direção imposta, segue a força da correnteza... Distraídos entre os tantos afazeres, entre as tantas ofertas de vida mais cômoda e fácil, descuidamos da nossa responsabilidade em conduzir o barco de nossa vida, esquecemos os remos, o leme e acabamos batendo em uma pedra, presos em algum redemoinho ou mesmo no turbilhão de uma cachoeira... Haja agora esforço redobrado para salvar o barco e retomar a mansa caminhada... pelo menos até o próximo descuido, até o próximo cochilo!
 
Mas não é preciso que seja assim. Deus não abandonou o homem só porque não seguiu sua vontade e enveredou pelo pecado, pelo mal. Ao contrário "redobrou" seus cuidados para conosco, agora mais fracos, mais vulneráveis. Sim, porque o pecado nos enfraquece e nos escraviza e, se bobearmos, consome nossa vida. É preciso lutar contra ele, com todas as nossas armas, principalmente com a ajuda de Deus, com a sua graça.
 
Nem tudo é pecado, como querem os rigoristas, mas eles existem em grande quantidade e variedade, ao contrário do que pregam os laxistas.
 
Como saber então o que é ou não pecado? A consciência, nosso juiz natural, é capaz de discernir entre as “verdades” apresentadas pelo mundo, e a Verdade que convém ao ser humano.
 
Infelizmente o mundo está abalado pelo pecado. Há tentações e ofertas de todo lado. O mal é insaciável, quer mais e mais vítimas, companheiros e aliados. É preciso resistir, fugir se necessário, buscar ajuda, buscar forças nas nossas raízes de bondade, na certeza de que elas estão lá.
 
É preciso recorrer à fé semeada em nós no batismo...
 
Assim como os instintos animais não podem se sobrepor à racionalidade humana, também as sementes da maldade, do pecado não podem germinar em meio ao nosso canteiro de bondade. Somos bons, somos livres para fazer o bem. Deus nos quis assim, e continua querendo. Seja feita a sua Vontade. Custe o que custar.
 
Cristo, o Bom Pastor, continua empenhado em conduzir seu rebanho à santidade, à perfeição... Até lá, o perdão será necessário!
 
Precisamos "fazer tudo o que ele nos disser", recomenda nossa mãe Maria.
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