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Publicado: Sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Peçamos a Coragem de Paulo

Após uma experiência tão forte como aquela, Paulo de Tarso não poderia ficar inerte. Primeiro, porque não era do seu feitio ficar vendo a banda passar. Segundo, porque fora preparado exatamente para a ação. Infelizmente, muitos de nós enxergamos o Apóstolo Paulo como aquele senhor barbudo, com pena na mão e debruçado sobre suas cartas, passando a doutrina católica para o papel, sentado em sua banquetinha... Pois foi justamente o contrário.

 

Paulo levou a serio o pedido de Cristo, de levar a Boa Nova a todos os cantos da terra. Empreendeu três grandes viagens, descritas na Bíblia, passando pela Grécia, Macedônia e outras localidades da chamada Ásia Menor. Em todos esses lugares falou de Cristo e pregou a doutrina que uniu os fiéis em torno da Igreja. Assim como os Apóstolos, que andaram ao lado de Jesus em seu tempo, o sagaz Paulo confiava no Espírito Santo para o sucesso de sua missão. Colocando-se a serviço de Jesus, não mediu esforços para levar o Evangelho aos povos.

 

Naquele tempo (e assim como hoje, de certa forma), ser um missionário cristão tinha um preço muito alto. Os seguidores de Jesus eram vistos como uma dissidência da religião judaica e sofriam discriminações por causa disso.

 

Paulo também sofreu perseguições. Não irei contar como foi, pois fica aqui o incentivo de que os leitores se aprofundem em suas Cartas. Está tudo relatado nelas. O que todos sabemos é que foi preso em Jerusalém, por volta do ano 61. E possuindo a cidadania romana, apelou por seu direito de ser julgado pelo Imperador, em Roma.

 

Os romanos, pais do Direito, respeitavam muito as leis que eles mesmos promulgavam. Assim, Paulo foi enviado à Roma e ficou dois anos encarcerado. Foram tempos difíceis para ele, porém não desanimou, Recuperando a liberdade, voltou às atividades missionárias. Desconfia-se que tenha chegado até a Espanha, antes de retornar novamente para a Ásia Menor. Na cidade de Trôade foi novamente preso e enviado a Roma.

 

Paulo era mesmo um incômodo para os governantes romanos. Usava sua inteligência e eloqüência para escapar de ciladas, pregando o Evangelho sem parar. Só havia uma maneira eficaz para detê-lo: a morte. A primeira idéia de seus algozes foi crucificá-lo, assim como fizeram com seu Mestre, tempos atrás.

 

Acontece que a crucifixão era a forma mais humilhante de condenar alguém à morte. E de acordo com as leis do império os cidadãos romanos, superiores aos outros, não poderiam morrer dessa forma. E como morria um cidadão romano condenado à morte? Decapitado. Assim foi feito e o carrasco desceu sobre sua nuca uma espada, no ano 67. O lugar mais aceito para o martírio do Apóstolo dos Gentios fica na região onde hoje se encontra a Basílica de São Paulo Extra-Muros, na Via Ostiense.

 

Paulo é lembrado até hoje, quase dois mil anos depois. E isso por causa de seu exemplo de conversão, pela disposição que mostrou ao viajar grande parte do mundo então conhecido pregando o Evangelho, por sua perseverança diante das dificuldades da missão e, finalmente, por sua coragem de entregar-se à causa de Cristo até o doloroso final.

 

Com a pessoa de São Paulo Apóstolo em mente, podemos tentar uma autocrítica. Se somos parte da Igreja de Cristo, devemos também ser missionários como o Mestre mandou. Jesus foi o primeiro missionário da Igreja, depois vieram os Apóstolos e os discípulos daquele tempo. Hoje, tais discípulos somos nós. E assim sendo, deveríamos também estar falando a todos a respeito da Boa Nova de Cristo.

 

Reconheçamos, infelizmente, a nossa falta de empenho. São muitos os cristãos que se envergonham de fazer parte da Igreja. Diante dos argumentos do mundo, rendem-se calados e sem coragem para defender a doutrina ensinada por Jesus. Possuem a fé somente para si, não falam dela aos outros. São sábios interiormente, mas não demonstram isso exteriormente e assim não conseguem modificar nada à sua volta.

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