Páscoa de coelhos e chocolate!
"Jesus Cristo ressuscitado está no meio de nós!"
"A celebração pascal, ainda hoje, inunda a Igreja com essa mesma alegria. Jesus Cristo ressuscitado está com a humanidade, que ele ama infinitamente; age no meio do mundo através do Espírito Santo, inspira os corações na escolha do bem e os move a aderirem ao reino de Deus".
(Cardeal Geraldo Majella Agnelo)
Estamos no tempo pascal, período longo que vai desde o domingo de Páscoa até a festa de Corpus Christi . Tempo forte, significativo e bonito de nosso calendário litúrgico.
Tempo bonito porque é tempo de colheita... colheita daquilo que plantamos e, quem planta amor colhe amor, quem semeia o bem colhe o bem, quem cultiva a conversão acaba convertido, quem morre para o pecado renasce para vida plena...
A liturgia dessas semanas favorece nossa reflexão sobre esse grande momento da vida cristã, face à ressurreição de Cristo.
Páscoa - de Pessach em hebraico -, significa “passagem” e é comemorada desde a antiguidade. Para os judeus, significava a passagem da escravidão do Egito para a liberdade; com Cristo adquiriu um significado novo, fundamentado na sua Ressurreição: passagem da morte para a vida.
E para nós hoje? O que significa a Páscoa? Continua significando “passagem”: da escravidão do pecado para a liberdade de filhos de Deus; do estado de morte, criado pelos pecados cometidos, para uma vida nova, coerente com Cristo e seu Evangelho.
Quaresma, Semana Santa, Páscoa... O que fiz nesse tempo? O que sobrou de positivo para minha vida futura? Fiz uma boa Páscoa ou não? Melhorei um pouco? Corrigi algumas falhas? Sou um homem novo? Aproveitei para fortalecer minha fé e a minha esperança? Ou será que tudo continua como antes, passadas todas essas oportunidades de mudanças?
Será que consegui relacionar esses acontecimentos com a minha vida? Ou o sofrimento e a morte de Cristo já perderam o significado, transformando-se num episódio apenas histórico? E a ressurreição de Cristo? O que fez para minha fé, minha esperança?
Cristo, “Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo...”, imolado por nós, é ele a nossa verdadeira Páscoa, fundamental se desejamos ardentemente “mudar de vida”, se buscamos uma reforma em nosso modo de ser e de agir, se desejamos enriquecer nossos relacionamentos com condutas cristãs de justiça e paz. Não será nenhum coelhinho que vai nos trazer uma vida nova; não serão os ovos de chocolate que vão nos saciar da fome espiritual que assola grande parte de todos nós...
E a nossa verdadeira Páscoa, que deveria acontecer todo dia, acaba mais uma vez comprometida pelos ditames na nossa sociedade pagã, adiando-se para amanhã ou depois ou para o próximo ano ou quem sabe para nunca...
Toneladas de ovos de chocolate - “ovos de páscoa” - e exércitos de coelhinhos - “coelhinhos da páscoa” - eis o sentido pagão, profano da páscoa que, infelizmente, vai tomando conta da população, mesmo entre os cristãos... Mais uma vez o verdadeiro sentido, o centro da comemoração, o verdadeiro personagem da data, Jesus Cristo, acaba substuído pela ação do comércio e da mídia. Afinal Cristo não dá ibope nem lucro. Se é assim entre adultos, o que podemos esperar das crianças, adultos de amanhã? Se ousarmos pesquisar: Qual o sentido da Páscoa? Que respostas você acha que obteríamos?
Somente " Quem se encontra com Jesus ressuscitado fica transformado em seu interior ", afirma Papa Bento XVI; transformado pelos dons de sua luz e de sua paz.
Cristo é a nossa Páscoa; sua ressurreição é o centro de nossa fé. Assim, ou alimentamos nossa fé para podermos reconhecer - e aceitar - que o Cristo Ressuscitado está vivo no meio de nós, antecipando as alegrias da vitória da vida sobre a morte, através da nossa conversão, ou continuamos, como Tomé, a querer "ver para crer".
A nossa Páscoa acontece na medida do nosso encontro pessoal com Cristo ressuscitado, na medida em que elevamos nossa realidade terrena, nossas atividades humanas, nosso dia-a-dia, dando-lhes um valor sobrenatural.
Feliz Páscoa - repetimos todos -, ela é um momento forte de reflexão sobre a pessoa de Cristo que se faz homem, sofre, morre e ressuscita - tudo isso por nós e para nós . É claro que merece ser comemorado; no entanto, é preciso consciência do que estamos comemorando, sob pena de nada acontecer além de mais um feriado regado a comes e bebes...
Tudo ao corpo, nada ao espírito! Não podemos ignorar o aspecto religioso dessa data, a mais importante para o cristão!