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Publicado: Sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Os pais e os padres

Num feliz e provável acaso, acredita-se, o fato é que ocorrem duas efemérides de significados muito próximos, neste agosto.
 
O Dia do Padre e o Dia dos Pais.
 
Uma data fixa, 8, Dia do Padre e outra variável, no segundo domingo, a dos Pais.
 
Tudo bem que as publicações das efemérides mensais mencionem outras datas para o padre (agora tem o dia do padre, do pároco – agosto – e do sacerdote, em setembro!), mas quem seja dos tempos idos e vividos sabe que outrora o dia 8 era único e consagrado.
 
Se os pais lutam em tempos de hoje para educar e manter os filhos e têm a responsabilidade direta inclusive no plano material, os padres, de sua parte, embora nem tão de perto, respondem no entanto por uma família muito mais extensa, a dos fiéis.
 
Num e noutro caso, sem dúvida, a marca principal é a da paternidade amorosa exercida por ambos, caracterizada pelo afeto, acompanhamento, compreensão e orientação.
 
No plano familiar, se outrora a condução sobre os filhos se operava até sem palavras, intuitiva ou pelo olhar, diferem profundamente os modos modernos.
 
Dois fatores preponderantes laboram numa direção nem sempre a melhor. Um tema ainda a levantar sérias dúvidas. A da ampla liberdade de que a criança e o jovem desfrutam e a impossibilidade de que os pais saibam com segurança o que fazem e o que lhes acontece da porta da rua para fora.
 
Atribuem-se os jovens – e a conquistaram – feição de naturalidade a ações impensáveis no passado. Nas incursões noturnas, nenhum acesso se lhes veda nem hora se determina ao seu retorno. Às vezes se confia em que o filho ou a filha vão estar fora a noite toda, porque com eles estarão fulano e fulana, vizinhos e conhecidos, tidos em boa conta. Os pais desses vizinhos desenvolvem o mesmo raciocínio. Nenhuma certeza de segurança, pois. Dubiedade total.
 
Uma premissa os filhos todos haveriam de compreender. A circunstância evidente de que nenhum pai há de querer um mínimo de risco aos filhos, mas que são seres normais e falíveis. Pai também erra. Pai se equivoca, muitas vezes.
 
O pai espiritual de todos – o sacerdote - a este incumbe um encargo místico e mais profundo ainda, porque zela pelos cuidados da alma de seus paroquianos. Um aspecto muito mais sutil.
 
E se tivessem os fiéis uma postulação a fazer seria a de que a quantidade dos padres aumentasse. Mas não. Os tempos são outros e quantos seminários não se transformaram em estabelecimentos de ensino, por vezes até sem o carisma da orientação religiosa e por mera cessão dos prédios e instalações.
 
Esse raciocínio leva de imediato a lembrar, forçosamente, de que as vocações nasciam, sobretudo nos lares, muito em vista do bom exemplo e da acuidade religiosa dos pais. Muitas práticas cristãs, não eminentemente litúrgicas, desapareceram. Todo casal sabia – só um exemplo - que a entronização do Coração de Jesus e Maria estava incorporada a uma das primeiras iniciativas a serem implantadas no lar. Hoje, esses dois quadros, só aparecem de vez em quando em novelas de época. Se a cena é de uma casa simples, o cenário exibe esses quadros na parede.
 
Espera-se dos padres enfim que, mesmo a muito custo, estejam voltados principalmente para o atendimento do povo, no aconselhamento, na palavra de conforto e de incentivo. Haja tempo para essa missão primordial, de que se desincumbiu exemplarmente o patrono de todos eles, São João Maria Vianey, o Cura D´Ars.
 
Padres e pais, que aos filhos sempre abençoam, caia sobre eles o fruto de um rogo que, desta vez, os filhos é que elevam aos céus, o de agora pedirem e desejarem a bênção do alto tanto para os seus genitores como para os sacerdotes todos.

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