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Publicado: Segunda-feira, 7 de março de 2016

Os Donos da Casa: Sobrado do Museu Republicano

Os Donos da Casa: O edificio do Museu Republicano e sua História

Dra. Anicleide Zequini. [email protected]

Os primeiros sobrados da cidade de Itu foram construídos entre os anos de 1777 a 1780 na rua Direita (atual Paula Souza), no Largo da Matriz (atual Praça Padre Miguel) e na Rua do Carmo (atual Barão de Itaim), onde estavam concentradas as residências dos proprietários rurais, enriquecidos pela economia açucareira, a elite eclesiástica e o poder administrativo, com a presença do prédio da Câmara e Cadeia.

Em 1824, a primeira informação sobre a existência do sobrado que atualmente sedia o Museu Republicano, indica que ele estava localizado na Rua do Carmo (atual Rua Barão de Itaim) e pertencia a Dona Josepha Maria de Góes Pacheco, proprietária de numerosos escravos, terras com plantações de cana de açúcar e engenho.

Outra informação, datada de 1825, indica que este edifício havia recebido algumas benfeitorias, como a colocação de “molduras para o forro e cinco molduras em volta”,  possuía “7 janelas na parte superior e 7 portas embaixo”.

Em 1829, com o falecimento de Dona Josepha, o sobrado foi disputado por sua filha Francisca Xavier da Fonseca e os  outros herdeiros, Elias França, Francisco, Joaquim e Maria, netos de Dona Josepha, que eram órfãos de sua outra filha, Maria Josepha Cerqueira. Como solução e, após parecer favorável de peritos contratados, o sobrado foi dividido em duas habitações: uma delas para  Francisca e a outra para os demais. A primeira  ficou composta por 3 janelas (em cima) e 3 portas (embaixo); a outra, por 4 janelas (em cima) e 4 portas (embaixo).

Após esta divisão em duas habitações distintas, a parte do sobrado que ficou para os quatro co-herdeiros foi vendida, em 1833, para o Capitão Francisco de Almeida Prado e sua primeira esposa  Maria Dias Pacheco. O Capitão Francisco era descendente de uma das primeiras famílias a receberem terras em sesmarias em Itu, proprietário de grande extensões de terra, escravos e engenho de açúcar,

A segunda parte, pertencente à herdeira Francisca , foi vendida, em 1839, primeiramente para Estanislau do Amaral Campos que, em 1843, a revendeu para o mesmo Francisco de Almeida Prado e sua segunda esposa, Anna Joaquina de Vasconcellos Noronha. Assim, em 1843 o Sobrado voltava a formar uma única habitação.

Em 1857, com o falecimento de Francisco de Almeida Prado, a residência ficou como herança para Anna Joaquina ,que residiu neste edifício até o ano de 1866, quando também faleceu.

Nota-se, através da descrição existente em seu inventário, que o sobrado havia passado por alguns incrementos internos, como colocação de papel de parede e instalação de lustres.

O ano de 1867, conforme está grafado na platibanda do edifício, indica a data de uma provável reforma na sua fachada,  com a instalação de alguns adornos e, possivelmente, o revestimento de azulejos portugueses na parte superior

Em 1866, Carlos e Jose de Vasconcellos de Almeida Prado herdam este sobrado de sua mãe Anna Joaquina, encetando então a reforma de 1867 e permanecendo como seus proprietários até o ano de 1890.

Foi, portanto, nesta fase, que em 18 de abril de 1873, este sobrado sediou a reunião republicana presidida por João Tibiriçá Piratininga, presidente do club republicano local, para a formação do Partido Republicano Paulista – PRP.  A reunião ficou conhecida como “Convenção de Itu”.

Nota-se que em 1890, Carlos Vasconcellos de Almeida Prado e sua esposa,Olympia Fonseca de Almeida Prado, aparecem como os únicos proprietários do edifício que havia sido novamente modificado, com o assentamento de 7 portas no pavimento superior. Permanecendo as 7 portas já existentes no pavimento inferior, indicando que a reforma da parte inferior com a instalação das janelas hoje existentes, possivelmente tenha sido realizada por estes novos proprietários.

Neste ano, este sobrado foi trocado por outro existente na Travessa da Matriz, canto com a Rua da Palma (atual Rua dos Andradas). Assim o sobrado dos Almeida Prado passa a ser de propriedade de Francisco de Paula Leite de Barros.

Em 1893, com o falecimento de Maria de Almeida Sampaio, esposa de Francisco de Paula e, em 1894, o do próprio Francisco, o sobrado foi herdado por 6 de seus sobrinhos. Em  1922, o venderam para a Fazenda do Estado de São Paulo para a instalação do Museu Republicano “Convenção de Itu”.

Após reformas internas do edifício sob a supervisão de Affonso de E. Taunay, foi o Museu inaugurado em 18 de abril de 1923, como anexo à seção de História do Museu Paulista e, em comemoração ao 50º. aniversário da “Convenção de Itu”.

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