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Publicado: Quinta-feira, 2 de abril de 2015

Orgulho e preconceito

Crédito: Getty Images Orgulho e preconceito
Elias respondeu aos insultos na bola, jogando bem

Mais uma vez o Corinthians encantou seus torcedores. Quem estava na arena em Itaquera ou acompanhava em casa pela TV vibrou e se maravilhou com outra grande atuação do Timão na Taça Libertadores da América. A vitória convincente sobre o Danúbio do Uruguai por 4 a 0 na noite de ontem (1º de abril – e nem é mentira!) reforça o sentimento que o alvinegro vem tendo desde o início deste ano: orgulho.

O torcedor corintiano sempre teve orgulho de seu time, é claro. Mas nesta temporada parece ter ainda mais. Isso porque, além dos bons resultados obtidos, o time está jogando bem – como há muito tempo não jogava. A equipe comandada por Tite parece uma engrenagem em perfeito funcionamento, com peças fluidas que não deixam a máquina alvinegra parar – para a alegria dos orgulhosos alvinegros.

Porém, a noite de ontem infelizmente ficará marcada por mais um momento lamentável de racismo no futebol. Antes da cobrança de falta que originou o golaço de Jadson, o volante Elias foi chamado de “macaco” por Cristian González. Só que o jogador corintiano respondeu o insulto na bola. Numa jogadaça poucos minutos depois, ele cruzou na medida para Guerrero marcar seu primeiro de três gols na partida.

No intervalo da partida, Elias – que poderia, com toda a razão, se vitimar – preferiu não perder a concentração. Focado na partida, evitou comentar o ocorrido com as emissoras de rádio e TV. Voltou para o segundo tempo, continuou jogando bem e foi ovacionado quando substituído por Petros. Atitude inteligente do volante, que até cumprimentou o adversário racista no fim do jogo.

Mas agora que a partida terminou e o Corinthians venceu, nada mais correto que a CONMEBOL punir de alguma forma a equipe uruguaia. Não com eliminação ou algo do tipo (até porque o Danúbio nem tem mais chances de avançar de fase e, como eu já disse antes, não vejo isso como uma atitude correta), mas multando e suspendendo González. É o mínimo que a entidade poderia fazer – porém, como se trata de CONMEBOL, não espero nada...

Tentar entender como é ser vítima de preconceito racial é complicado para mim, já que sou branco. Mas imagino a raiva e tristeza por saber que ainda existem pessoas racistas que Elias sentiu, e isso é inconcebível. Porém o volante corintiano pode orgulhar-se de fazer parte de uma das melhores equipes do Corinthians de todos os tempos e ainda vestir a camisa da seleção brasileira e tentar esquecer essa atitude lamentável.

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