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Publicado: Sexta-feira, 13 de março de 2015

O Vice

O Vice

É de geral conhecimento e pouco se lhe dá importância, para o fato de que ao assumir um cargo de Vice Presidente, Vice-Diretor, Vice disso e Vice daquilo, essa circunstância talvez nem leve em conta o fato de que, naquela indicação ou escolha, poderá estar de repente um outrora Vice, de repente feito titular.

Houve alguma espécie de um mínimo de atenção, quando Tancredo adoeceu e tiveram, em meio à tremenda dúvida nos bastidores, de definir se a Nação poderia ser ou não entregue aos cuidados do Sarney.

Mas logo depois, tanto no campo oficial como nas corriqueiras eleições de entidades mil, tudo voltou ao descaso de tempos idos. Vice, ora o Vice.

Entretanto, tudo pode acontecer.

Em crônica recente, por sinal, fiz a abordagem da inglória tradição de se constituírem diretorias de entidades em que seus componentes se limitam  apenas e tão somente a emprestar o seu nome para ali nada fazer, com a agravante ainda de que, em certos casos, sejam remunerados.

Quando, por exemplo, ainda estava eu vinculado à profissão e no exercício dela sem tempo para mais nada, eis que me convidam a uma reunião e me informam que eu fora indicado como um dos membros do Conselho Fiscal de uma organização sem fim lucrativo.

 Desconfiava de que tais cargos tinham finalidade meramente decorativa e, além disso, sabia que abnegados colaboradores é que punham a mão na massa. De fato, nunca movi uma palha nem participei de nenhuma decisão.

Dois ou três anos depois, chegam até mim e me cumprimentam porque fora designado para Vice-Presidente. De novo, hesitei um pouco, para afinal concluir, vez mais, que ocuparia um cargo informalmente.

Passados ano e meio se tanto, na plena vigência do mandato, o Presidente me comunica que estava demissionário, mas que confiava em mim e, se tomava essa deliberação, era porque aquela atribuição o impedia de estar à frente de negócios mais prementes.

Até por uma questão de consciência, envolvi-me de alma e corpo na instituição, inclusive por discordar até ali da informalidade de como tudo era conduzido.

Constatei, a partir daí, que essa pretensa certeza, de que assumir o papel de Vice não traz nenhuma responsabilidade, é ledo engano e péssimo costume.

Como também, de outro lado, o tempo acabou por me revelar, que às vezes há quem aceite o segundo lugar, ciente e consciente, - para não dizer esperançoso, - de que a posição de relevo não obtida diretamente, algum dia lhe poderá cair no colo.

Lições da vida.

Daí que, possível fosse mas assim não é, que na reservada, discreta e contida ideia de alguém Vice em qualquer lugar e situação, se conhecesse bem e a fundo o âmago de suas pretensões e intento, devotamento ou não à causa.

Vice, uma incógnita.

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