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Publicado: Sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O tripé da santidade

Sejamos santos como Deus é Santo!

Às vezes pensamos que a santidade é para poucos ou que só se torna santo após a morte. Nem uma coisa, nem outra. É verdade que não nascemos santos, mas todos nós somos convocados à santidade, portanto, nascemos com a semente da santidade. Como semente, precisa germinar para crescer. Isso só ocorre dentro das condições necessárias que precisam acontecer durante nossa vida. Assim, temos uma vida inteira para desenvolver nossa santidade. A graça de Deus nos ajuda, mas depende da nossa participação, do nosso empenho.

O que fazer? Os santos são os nossos modelos humanos. Se prestarmos atenção em suas vidas, veremos características comuns: seguimento de Cristo, vida simples, humildade e caridade.

Vida simples, não no sentido de escassez, de miséria, mas no sentido de desapego aos bens materiais, de desprendimento, de contentamento e felicidade com o pouco, com as pequenas coisas. Vida simples de coração e de atitudes. Vida livre de exageros, de cobiça, de excessos e desperdícios. Podemos conhecer pessoas simples em qualquer nível social, econômico ou financeiro. Sem dúvida, o amor ao luxo e aos bens, a obsessão por dinheiro, pode corroer o coração humano, atrapalha o seguimento de Cristo e dificulta o caminho da santidade.

A humildade é uma virtude que nos leva a reconhecer e aceitar as nossas limitações e fraquezas e a respeitar as pessoas. Contrasta com a vanglória, com a vaidade, que nos faz sentir superiores às pessoas a ponto de humilhá-las.

Não significa ter de se rebaixar frente aos outros.

Segundo Gandhi: “O dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens sábios e a humildade faz grandes homens”.

A humildade nos faz reconhecer a superioridade divina e que todos somos iguais aos olhos de Deus.

A humildade deve ser o estilo de vida do cristão, pois Deus é humilde e “se humilha para caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades” (Papa Francisco).

O papa afirma que “humildade quer dizer serviço, significa dar espaço a Deus despojando-se de si mesmo, esvaziando-se” e que “o mundanismo é o caminho contrário ao de Cristo […] o caminho da vaidade, do orgulho, do sucesso”.

O papa ainda lembra o grande parceiro da humildade, a oração. Essa dupla é capaz de mudar o homem e o mundo. Infelizmente ainda temos pouca humildade e pouca oração. E pouca santidade!

Caridade
é o carro chefe da vida cristã. A caridade é a prática do amor, é a maior identificação com a vida de Cristo.

É preciso conseguir ver o outro, tratá-lo como irmão; não ficar indiferente à sua presença, suas necessidades... Não foi isso que Cristo fez? Não foi essa a atitude do Bom Samaritano? E o que Cristo diz para nós? “Façam vocês o mesmo! Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

Caridade, caminho para a santidade. Algo possível se acreditarmos na força de união, na solidariedade, de que nada podemos sozinhos, de que precisamos uns dos outros... Acreditar que podemos fazer muito pela paz, pela justiça e por uma vida digna para todos. Acreditar na força da partilha no combate à miséria e à fome.

O papa Francisco lembra: “serve-nos de ajuda e conforto o exemplo de tantos homens e mulheres que cada dia, no silêncio e escondidos, renunciam a si mesmos para servir os outros...”. Uma ajuda material, uma palavra de conforto e esperança, um abraço, um sorriso, companhia, oração, compreensão, paciência...

Finalmente, buscar a santidade não significa fuga do mundo. Pelo contrário, somos chamados à santidade dentro da nossa realidade social, familiar, profissional. Isso está claro na vida de santos que conhecemos, contemporâneos, com os quais até pudemos conviver. É o caso da Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, João Paulo II e, mais perto de nós, caminhando para as honras dos altares, Padre Bento, Dom Gabriel, Madre Theodora. Vidas santas, consumidas em favor dos outros, dos pobres e necessitados. Esqueceram-se para amar o próximo.

Peçamos a Deus as graças para construirmos o amor na nossa vida e na vida do mundo, cada dia mais carente.

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