O tempo passou, gente!
QUARENTA ANOS DE MNU. Foi nos degraus da escadaria do Teatro Municipal, em São Paulo, que o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial oficializou a sua existência - início de uma nova fase para a militância negra no Brasil. Era o dia 7 de julho de 1978.
Tempos depois assisti encantada e de olhos arregalados no teatro da PUC, a exibição de um inusitado documentário sobre o tema, dirigido por Jorge Bodanzky. Minha porção africana exultou, juntamente com o meu idealismo juvenil.
Muitas foram as conquistas ao longo das décadas. No entanto observo que a exacerbação toma conta da causa com o patrulhamento ideológico e a incongruência de ações como, por exemplo, o repúdio ao livro "Peppa".
Li a obra. A autora, Silvana Rando, demonstra o preconceito, a sujeição da menina Peppa a ele e, ao final, quando assume FELIZ a sua própria identidade. O livro foi recolhido a pedido da autora.
Pergunto se PRECONCEITO não é o anúncio postado em 03/11/2017 em https://www.facebook.com/anapaulaxonganino? por Ana Paula Xangoni - a que fez uma barulheira infernal por não entender o que lê.
Diz o anúncio: "Help-me: Conhece alguma GRÁFICA de Pret@ que imprima flyers até sexta-feira agora?" ou este: "Oportunidade de trampo: Venha trabalhar com a gente na Mostra de Criadoras em Moda. Procuramos costureiras NEGRAS com experiência em modelagem nos manequim de 36 a 56, para serviço em São Paulo (...)".
O tempo passou, gente! Não é possível atribuir aos outros a própria cegueira.
É tanto mimimi, que faço minhas as palavras do jornalista e escritor Leandro Narloch: "O ativista sabota a própria causa".