Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 29 de abril de 2015

O talento desperdiçado dos JOVENS VELHOS GESTORES

O talento desperdiçado dos JOVENS VELHOS GESTORES

Em um país que carece de profissionais capazes de liderar áreas chave da administração pública, o Brasil se dá ao luxo de jogar no lixo aposentados bem sucedidos da iniciativa privada.

Maior expectativa de vida tem mandado para a geladeira gente saudável e realizada, que já superou ambições juvenis de quem tem que correr atrás de dinheiro, fazer carreira, sustentar a família. Dói saber que ao invés de contribuir com seus conhecimentos e experiência para viabilizar governos éticos e bem geridos, atiram-se compulsoriamente ao ócio. Seja por idade ou decisão pessoal, estes pseudo-aposentados passam os dias caçando coisas para matar tempo. Pode ser supermercado, consertos caseiros, cuidar de netos, levar cachorro para passear, jogar tênis, palavras cruzadas, entre outras atividades, digamos, menos socialmente nobres.

A área de turismo, tão desassistida pelos governos deste país, presta-se particularmente para absorver estes executivos afastados da gestão, mas ainda sedentos de ação. São pessoas que viajaram pelo mundo e com grande vivência pessoal. Como Wilson Martins Poit. Empreendedor de sucesso no ramo de energia, vendeu a empresa que fundou em 2012 e um ano depois já era diretor presidente da SP Negócios, que pertence ao Município de São Paulo, responsável por projetos de infraestrutura, concessões, parcerias público-privadas, entre outros. A partir de 2014 acumula a presidência da Secretaria de Turismo da cidade.

Apesar do curto prazo, a sua atuação começa a trazer os primeiros frutos. Percebendo que cidade mal iluminada é sinônimo de falta de vida noturna, desinteresse turístico, abandono e insegurança, estabeleceu parcerias com a iniciativa privada que estão permitindo, sem custos adicionais para o Município, trocar 620 mil lâmpadas das ruas por LED e cria 76 mil novos pontos de luz nos primeiros cinco anos, com uma economia de energia de até 50%.

Apartidário e pragmático em um ambiente de burocracia, ego e politicagem, Poit sabe que turismo é uma poderosa indústria. Por isto, elegeu três prioridades para o turismo para a cidade. Primeiro, investir na modernização do Centro de Exposições Anhembi, com instalação de ar condicionado, construção de edifício garagem e hotel de bom nível, interligar por aerotrem o local com a estação de metrô Tietê (Rodoviária), sem falar na Arena Anhembi, capaz de acolher 20 mil pessoas. A segunda meta, estabelecer um City Tour através de ônibus hip on hip off para visitar os principais pontos turísticos, em um circuito de três horas, possível por compartilhar as pistas seletivas dos ônibus. Finalmente ele quer transformar a área carente de Parelheiros em polo de ecoturismo.

Wilson Poit é um exemplo de que existe vida inteligente além da aposentadoria, permitindo ao executivo manter-se ativo e útil para a sociedade. Casos como o dele criam alternativas para gente de alta capacidade de execução e reconhecimento do mercado. Como o brasileiro-francês Roland de Bonadona, CEO da rede de hotéis Accor, que anunciou para os próximos meses seu desligamento compulsório da empresa, embora em pleno apogeu. Pessoas como ele, e há inúmeras, seriam ou não candidatos naturais para gerir e traçar políticas públicas para o turismo? Com a palavra, o governo.

Comentários