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Publicado: Domingo, 13 de setembro de 2009

O que faz você feliz?

O que faz você feliz?
Que tal listar as coisas que lhe fazem feliz?

A vida em sociedade nos ensina a dizer não ao prazer. 


O recém-nascido, quando chora, reivindica o prazer de mamar; a criança quando brinca, reivindica o prazer de criar. O homem no seu estado natural é atraído pela busca constante das sensações de felicidade. No entanto, conforme nosso corpo cresce, cresce também o medo de ser feliz. Ao longo da nossa história vamos aprendendo que sentir prazer é errado, coisa de gente preguiçosa, sem crenças religiosas; que a vida deve ser dura e pesada. Será?

Sem prazer, as ações são frias e mecânicas. O professor que desenvolve sua aula sem prazer não ensina o aluno. O médico que trata o paciente sem prazer não cura a doença. O executivo que administra sem prazer não constrói resultados. O político que cumpre seu mandato sem prazer não avança nas políticas públicas. Sem prazer, a vida perde o encanto, fica chata e sem sentido. 

Roberto Freire, o escritor, não o político, quando apresentou seu livro “Sem tesão não há solução”, e isso já faz um bom tempo, dissertou sobre a importância de se fazer com prazer aquilo que se propõe. Não o prazer da carne, mas o prazer da alma, que se revela no que fazemos com dedicação e atenção.  

Muito me entristece quando sinto na expressão corporal, refletida na voz, no olhar e no gesto a revolta e a amargura por aquilo que algumas pessoas fazem. E isso não é tão raro assim: são pessoas carrancudas, tristes e de um constante mau humor; até nas melhores coisas conseguem pôr defeito. Nunca estão contentes. Seus olhos parecem treinados a alçar o ponto escuro, vazio, distante.  Sua opinião é sempre negativa, destrutiva, agressiva.  Você conhece alguém assim? 

São pessoas que, quando interrogadas sobre a felicidade, falam da do outro; acreditam que só o outro pode ser feliz. Inclusive, esperam também do outro a própria felicidade, como um milagre que possa um dia salvá-las da vida que levam. Na verdade, ainda não aprenderam que se milagres existem, eles estão dentro da gente, assim como o prazer e a felicidade. 

A ideia de que o prazer mora ao lado é tão forte que perdemos a oportunidade diária de senti-lo nas coisas mais simples da vida. E pior, deixamos de ser felizes. Sim, porque a felicidade fará parte das nossas vidas sem nunca mais sair quando descobrirmos o prazer do dia a dia. O prazer do relógio a nos acordar, da água do banho, do sorriso do filho, do barulho da chuva, da louça a lavar, do tempero refogado, do cheiro do café, da música nova tocada no rádio...  

Dirão que enlouqueci? Então não sou a única. Brecht escreveu uma poesia, intitulada “Prazeres”, que versa das coisas que o faziam feliz: “(...) o velho livro de novo encontrado. Rostos entusiasmados. Neve, a mudança das estações. O jornal. O cão.”

Não tão diferentes das minhas. E das suas?  Que tal listar as coisas que lhe fazem feliz? 

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