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Publicado: Sexta-feira, 8 de março de 2019

O presidente e o twitter

Crédito: https://www.vanityfair.com/news/2018/02/ O presidente e o twitter

SOU APARTIDÁRIA, não acéfala. Isso me confere o privilégio de me posicionar à esquerda, à direita, no meio, em cima, em baixo – onde eu bem entender.

A quem é dada uma boca grande, se deve retirar o microfone. Traduzindo: para alguém que fala demais, como o atual presidente brasileiro, é prudente desligar os canais de comunicação.

Socorrooo!!! Não tem assessoria que resolva tamanha estupidez. Alguém precisa fazer alguma coisa! Banir das redes sociais?

O presidente envergonhou o País. A última ocorrência – o caso do vídeo de conteúdo pornográfico que Jair Bolsonaro veiculou em sua página oficial no Twitter –  é mais do que um atentado ao bom senso, é o atestado da sua incompetência.

Como não notar que era um vídeo de conteúdo impróprio para qualquer um, além dos seus 3,4 milhões de seguidores?

Como não imaginar as consequências do desbragado ato que repercutiu em vários países, ao afirmar que a cena de um indivíduo que manipula o ânus e recebe um banho de urina em público é comum no carnaval do Brasil?

Disse ele: "Temos que expor a verdade para a população ter conhecimento". (...) "É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro" – ou seja: a obscenidade praticada pelas duas pessoas do vídeo é comum e repetida em todos os lugares.

O jornal americano "The New York Times" publicou que "enquanto milhões de carnavalescos aproveitavam as últimas horas oficiais do famoso e hedonista carnaval do Brasil", Bolsonaro "expressou certo desconforto com o conteúdo do vídeo", que desencadeou uma série de comentários, "mas disse que se sentiu obrigado a compartilhá-lo".

O periódico comenta, ainda, que a postagem despertou reações de internautas, como a do senador Humberto Costa, que o chamou de "patético", ou da cientista política Mara Telles, que sugeriu que o presidente teria quebrado o decoro do cargo.

Presidentes que twitam não são novidade. Usuário desde que era apresentador de um reality show, Donald Trump não moderou sua fala nas redes sociais, após se tornar presidente dos Estados Unidos em 2017. A prática rende ao país quase catástrofes, como quando ameaçou a Coréia do Norte com uma guerra nuclear. A gritaria geral levou o presidente a mudar de postura e a chamar Kim Jong-Un de "grande líder".

No caso brasileiro, parece que o despreparo e a irrelevância compõem o perfil de Jair Bolsonaro.

Em 26 anos de atividade no Congresso como deputado federal, o parlamentar teve uma atuação pífia. Aprovou dois projetos de lei e uma emenda: uma PEC que prevê emissão de recibos junto ao voto nas urnas eletrônicas, outra que estende o benefício de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens de informática, e a emenda que autoriza o uso de fosfoetanolamina – conhecida como "pílula do câncer” – que testes comprovaram não ter qualquer efeito contra a doença.

Naquele tempo o então parlamentar contava apenas com a boca grande. O trágico é que como presidente lhe foram dados o microfone e os holofotes. 

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