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Publicado: Sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Muro do Fim do Mundo

Crédito: Internet O Muro do Fim do Mundo
Cianê ficará como o marco de uma tragédia.

Se os leitores e as leitoras perceberam, fiquei uma semana sem publicar artigos aqui. Com a iminência do fim do mundo, preferi fazer outras coisas além de escrever ou estudar. Dirverti-me bastante, mas naquela expectativa. O mundo não acabou, pelo menos para a maioria. Muitas pessoas faleceram no dia 20 de dezembro e partiram deste plano terrestre. Para os que acreditam na vida após a morte, agora elas ainda vivem mas na eternidade.

Foi o caso das sete pessoas que, aleatoriamente, foram vítimas de uma chuva de tijolos de um dos muros da antiga fábrica Cianê, na vizinha Sorocaba. O local passava por reformas, já que pretende abrigar um novo shopping center. Dizem que a chuva e o vento fortes demais causaram o incidente. Fato é que a partir de ontem o local ficará como o marco de uma tragédia.

Há 130 anos, num mesmo mês de dezembro de 1882, o comerciante português Manoel José da Fonseca inaugurava a Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da Ponte. O projeto arquitetônico no estilo clássico inglês, com alvenaria externa em tijolos aparentes, marcou a industrialização da cidade. Em 1981 o local passou a ser administrada pela Companhia Nacional de Estamparia (CIANE). Dez anos depois, em 1991, foi desativada e posteriormente tombado pelo Patrimônio Histórico.

Com o triste episódio de ontem, o local será sempre lembrado como o muro das lamentações sorocabano. As obras de construção do novo centro de compras estão paralisadas para investigação. Mas, daqui alguns meses (ou semanas), tudo voltará ao normal. O poder do comércio sempre fala mais alto e sem dúvida o novo shopping ficará prontinho. Seria uma bela homenagem aos falecidos na tragédia que uma bela placa com seus nomes fosse colocada no local do incidente.

Ah, a vida efêmera! Como é frágil! Uma vida feita de lutas e alegrias, de tragédias e tristezas, de glórias e sacrifícios! Uma vida que termina em poucos segundos, sem pedir satisfação para ninguém. E mesmo assim ainda brincamos de ficar inventando o fim do mundo e de todas as coisas, como se precisássemos realmente disso.

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