Colunistas

Publicado: Sexta-feira, 13 de julho de 2018

O monge e os Javalis

Crédito: Domínio Público O monge e os Javalis

A comoção tomou conta do mundo, que manteve os olhos e o coração no fundo de uma caverna alagada pelas chuvas, na Tailândia.

Por 17 dias, doze jovens do time juvenil de futebol “Javalis Selvagens” e o auxiliar de técnico Ekaphol Chantawong, ali permaneceram na escuridão quase absoluta, sem alimento, pouco oxigênio e em condições insalubres.

Para os meninos, foi necessário aprender mais do que futebol. Ekaphol os ensinou a meditar, não só para assegurar que ficassem calmos, mas também para preservarem as energias.

Ekapol Chanthawong, de 25 anos, foi monge budista durante uma década e deixou a ordem religiosa para cuidar da avó doente.

Do lado de fora da caverna, o mundo se uniu em solidariedade, trabalho, desprendimento, preces e mantras. Vestidos com as túnicas de cor açafrão, descalços e com a cabeça e as sobrancelhas raspadas, dois monges budistas se juntaram às pessoas em vigília, a quase dois quilômetros do local - distância suficiente para enviar energia positiva, holística, que liga todos no mundo, segundo um deles.

O monge disse estar convicto de que as práticas budistas, como a meditação, tiveram um papel decisivo na sobrevivência do grupo. “Bastam dois, três, quatro, cinco minutos e os problemas desaparecem e eles se acalmam”, afirmou.

O grupo foi resgatado em boas condições físicas e psicológicas. De acordo com um dos médicos que os atendeu, “nenhum deles sofre de doenças infecciosas".

O único elemento novo no interior da caverna foi a meditação. É indispensável dar à prática a relevância que ela tem: a de responsável pela integridade física e psicológica de todos.

Um estudo realizado na Universidade da Califórnia, EUA, pelo doutor Clifford Saron, concluiu que quem medita tem as defesas do organismo ampliadas e lida melhor com o estresse. Durante a prática da meditação a enzima telomerase, ligada ao sistema imunológico, tem sua ação intensificada, favorecendo o bem-estar.

Centenas de trabalhos desenvolvidos por cientistas do mundo inteiro comprovam que o ato de meditar melhora a percepção e a atenção, reduz o gasto de oxigênio pelas células do corpo, a frequência cardíaca, a ansiedade e a síndrome do pânico.

A ciência busca comprovar o que já é conhecido há milênios. Historicamente a meditação é uma arte ancestral. Propagou-se por vários povos e culturas distintas, e atingiu o ápice no Egito, na Índia e entre os Maias. Integra a maioria das tradições filosóficas ou religiosas do Oriente, sendo praticada também no Ocidente.

Exemplos de sabedoria do monge/treinador, de confiança das crianças, da vibração mundial, da solidariedade entre os países e dos que colocaram a serviço a própria vida. Nosso pequeno planeta ainda pode aprender a dar importância ao que, de fato, é importante. 

Comentários