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Publicado: Sábado, 10 de outubro de 2015

O goleiro Cássio

O goleiro Cássio

No programa Globo Esporte de sexta, 9, que antecede o noticioso JH, o  goleiro  Cássio, do Corinthians, foi alvo de breve entrevista.

Perguntado, no final, qual seria o melhor guarda metas do campeonato apelidado de "Brasileirão", ele respondeu prontamente: eu.

Não enrubesceu, falou em tom sério e tanto surpreendeu o repórter que este perguntou de novo, ao obter a mesma e serena resposta do Cássio: eu.

Só então, calmo e naturalmente, justificou-se ele, ao lembrar a campanha de sua equipe, com relativamente poucos gols sofridos e na dianteira com larga margem de distância dos demais times, em pontos ganhos.

Não houve vanglória. O jogador, notoriamente empenhado, sabe de si. Foi autêntico.

Essa inesperada conduta, ato contínuo, abriu na minha mente uma constatação parecida, a da reflexão de que se todas as pessoas se voltassem para si mesmas e fixassem o seu próprio e indefectível retrato. Todas elas, uma força de expressão. A maioria, certamente. Portanto, não seriam poucas as de caráter e cônscias dessa qualidade de si próprias.

Se cada cidadão empenhado em viver honestamente, com total respeito a si mesmo, aos seus e a terceiros, padrão de trabalhador honesto em qualquer atividade que imagine, encontraria em si próprio um modelo de candidato ideal a cargos políticos. E para ser bem objetivo, ainda que tudo se resumisse a um simples mandato de vereador na sua cidade.

Cássio, na sua espontaneidade, inspirou esse raciocínio, lógico e evidente.

Quer dizer em suma que salvar o Brasil do desmoronamento moral e político implicaria muito mais em que pessoas idôneas se candidatassem. O jeito para que esse ideário sensato começasse a vicejar para se corporificar um dia.

Não negue ninguém que, atualmente, a maioria dos cidadãos aqui nascidos sente um certo pejo pelo fato de ser brasileiro.

Patriotismo à parte, paciência tem limite.

Imagine-se no exterior, sob a repercussão que a mídia despacha para todos os cantos da terra, você apresentar-se hoje como tal.

Ufanismo pelas maravilhas naturais de um país privilegiado, abençoado por Deus, não é tudo. 

Um fato recente, de menos de um mês a esta data, aconteceu na rua Santa Rita, proximidades do Jardim do Carmo e que se liga curiosamente aos mesmos pensamentos que resultaram nesta crônica. Deparo com dois amigos, cidadãos íntegros, a demonstrar pasmo e tristeza pela mesmice do que vem sendo em todas as administrações a Câmara Municipal. Não faltaram tampouco referências diretas a nome por nome e o desaponto de um ou outro de quem seria de se esperar um pouco mais.

E veio daí a pergunta dos dois:

- Você não quer ser candidato?

Eu ri, porque achei que tudo seria brincadeira, mas mesmo assim, indaguei deles igual pretensão.

- Ah, a gente não leva jeito para isso.

No fundo, temem os cidadãos capazes serem tingidos pela má fama dos políticos.

Se todas e cada uma das pessoas responsáveis, homens e mulheres, soubessem ousar, poderiam inaugurar uma fase nova e surpreendente no exercício da política.

Mire-se então no espelho e pergunte de si para consigo:

- E por que não eu?

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