Mulher por inteiro
Na visão Criacionista do mundo, Eva não é um novo pó, nem um novo alento. É o mesmo alento de Adão – o Homem Primordial. Ela é osso de seu osso e carne da sua carne.
Nenhuma nova criatura surgiu em cena no então silente e quedo Paraíso, mas o mesmo Adão solitário foi duplicado – um Adão masculino e um Adão feminino.
A aparente dualidade não é uma punição divina, mas um processo inerente à natureza da própria Unidade. Por isso oscilamos de um estado a outro – da fragilidade à fortaleza, da emoção à racionalidade. Do que consideramos como características femininas às masculinas. Aparentes opostos que se completam.
Um não existe sem o outro. Sol e lua, dia e noite, água e fogo, terra e ar. Como Lua as mulheres são frágeis, intuitivas, misteriosas, criativas e sensíveis. Como Água, fluem pelos caminhos da vida contornando as adversidades até se libertarem delas. Podem ser Fogo que queima e destrói com suas labaredas, Terra que estabiliza e alimenta ou Ar, quando sonham e constroem novas realidades.
Elas contêm todas as facetas – eles também. Elas têm maior facilidade de perceber a multiplicidade e de exprimi-la. São as mulheres que asseguram nos ventres a perpetuação da raça humana. Que guardam os segredos das curas, das ervas, raízes e dos benzimentos.
Também são as legítimas proprietárias da sedução e guardiãs do fogo sagrado – o sexo - as que trabalham e sustentam seus lares ou tomam as rédeas da própria vida vencendo preconceitos, a partir das suas escolhas.
Apenas elas conhecem o sentido da resistência, mesmo quando emudecidas durante séculos, queimadas em fogueiras ou confinadas à esfera doméstica. São vencedoras quando aparentemente derrotadas.
Todas as lendas e mitos existentes contam sobre o arquétipo da Grande Mãe, que oferece sábios conselhos, seduz ou propõe soluções para situações limite. Velha ou jovem, a idade não importa. Cada menina é depositária do mesmo conhecimento ancestral. É sua herdeira, mesmo que leve muito tempo para descobrir isso.
A consciência da multiplicidade é o caminho. Sua aceitação leva à integração do ser, que busca o exercício pleno do viver. Para isto, basta apenas ouvir a velha e sábia alma que sempre esteve dentro de você.