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Publicado: Terça-feira, 1 de agosto de 2017

Luto: a perda difícil

Crédito: APCRC Luto: a perda difícil

A tristeza não é algo que nossos padrões culturais tenham estrutura para tolerar. O triste quase sempre é mal tachado, excluído, “sindromizado”, “transtornado”, e às vezes até hostilizado frontalmente. Todavia, a tristeza é um elemento importante na absorção da realidade que se apresenta a nós todos os dias. Não temos como ser felizes o tempo todo, somos tomados por sentimentos de tristeza quando aspectos da nossa vida mudam, por vezes drasticamente. 

 

O luto não é somente por um ente querido que morreu, mas também por um trabalho que se perdeu ou por uma cidade que teve que deixar ou até mesmo por um término de relacionamento afetivo (um amor que partiu). O luto é algo não falado, não estimulado, escondido, camuflado, mas sentido na pele como um lâmina que nos corta diariamente.

 

Como não falar sobre isso!? Como não falar sobre nossas dores, nossas ausências, nossas aflições!? O luto precisa ser respeitado em sua essência, como um período de reconstrução de paradigmas. Algo morreu, simbolicamente ou não, e isso precisa ser processado, assimilado, pensado, chorado, e cada um vive isso de formas diferentes e em tempos diversos.

 

Há a necessidade de discutirmos “o respeito”. Respeito a tudo que demove e move o outro que nos cerca. O estado emocional do outro que nos reflete importa e deve ser levado em consideração. O que para você pode ser frescura, para um outro pode ser a linha tênue que o separa de querer viver ou morrer.

 

Então, mais uma vez, há a necessidade de pensarmos, falarmos, gritarmos, sentirmos, agirmos, “o respeito”. Não é humanamente saudável fingir que não está acontecendo algo dessa magnitude, na verdade essa seria a premissa para a doença psíquica. Temos que lidar com nossas dores e mazelas e no tempo certo saberemos quando continuar. Aí você pode me perguntar: - Qual é o tempo certo? Como saberei que chegou a hora de seguir adiante? E eu responderei: - Não existe uma fórmula pronta no que se refere a esse tipo de assunto, cada um carrega seu sofrimento nas costas e cada um saberá quando é o momento certo de seguir em frente.

 

Sendo assim, faz-se necessário encarar o sofrimento de perto, sentindo-o plenamente, deixando-o fluir, entendendo suas razões, para que desse modo transformemos a dor em crescimento pessoal e a vida fique um pouco mais suave. 

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