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Publicado: Quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Informar é preciso

Devo ter cara de guia turístico. Não sei qual a razão, motivo, causa ou circunstância, mas quase todos os dias estranhos me páram na rua pedindo algum tipo de informação. “Que horas são?”, “Onde fica a Rua 21 de Abril?”, “O ônibus da linha 12 passa nesse ponto?”.

Certo dia, no simples trajeto do Mercado Municipal até a Igreja do Bom Jesus, fui abordado cinco vezes por pessoas querendo informações. Entre eles dois carros com turistas. Um querendo saber onde ficava o shopping. O outro pedindo dicas de onde almoçar no domingo. Nesse dia fiquei surpreso. Até pensei que alguém estivesse fazendo uma brincadeira comigo. Seria uma “pegadinha” de algum programa de televisão? Ou será que em minha camiseta estava escrito “INFORMAÇÕES” e eu não vi?

Se eu pudesse, teria algumas sugestões para fazer a Deus. Afinal, é ele o responsável pela criação do homem. Em primeiro lugar, pediria que cada homem e cada mulher viesse ao mundo com um lugarzinho na testa destinado a escrever o próprio nome. Pode parecer uma idéia absurda. É mesmo. Mas resolveria de vez o meu problema e de tantos outros de memória fraca: “Oi, tudo bem? Como está.... Er... Qual é o seu nome mesmo?”. Quer coisa mais chata do que não lembrar o nome de quem está conversando com você?

Outra sugestão seria a de que cada ser humano viesse ao mundo com um relógio embutido. De preferência digital e com energia solar. Caso isso fosse implantado, todas as pessoas que me páram na rua para perguntar as horas deixariam de me incomodar. Acreditem, seria uma significativa redução. Poderia pedir a Deus que também embutisse em nós uma bússola. Ou melhor, um sistema GPS via satélite para localização de ruas e logradouros. Mas acho que o Criador não gostaria de tantas intervenções em sua obra-prima.

Por mais que se coloquem relógios e placas de sinalização espalhadas pela cidade, creio que a minha sina continuaria. Certa vez, em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, um homem me abordou perguntando as horas. Lá na torre da Matriz, um baita relógio funcionava, bem na nossa frente. E ele veio perguntar as horas pra mim... É mole? Outro dia, em caso semelhante, estava eu caminhando pela Rua Floriano Peixoto quanto fui parado por um entregador de bebidas. Queria encontrar uma lanchonete ali do centro da cidade. Qual a rua? “Floriano Peixoto”, disse ele...

Não quero que ninguém pense que sou rabugento. Não me nego a informar as horas, explicar localização de ruas ou dar dicas aos turistas. Além de não custar nada é uma forma de ajuda. Se alguém pergunta algo é porque realmente precisa saber. Mas é que essas situações acontecem tanto comigo que fiquei encucado.

O meu consolo é uma frase que ouvi muito na faculdade: “O dever fundamental do jornalista é informar”. É verdade. Nem que seja ao ser abordado na rua, por desconhecidos sem relógio e sem bússola. Informação é informação. E informar é preciso. Seja através da imprensa, com artigos ou dizendo: “Três e meia”, “Segunda à direita”...

Essa é a minha visão de mundo. Qual é a sua?

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