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Publicado: Segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Inexoravelmente Você

Crédito: APCRC Inexoravelmente Você

Só o seu beijo me satisfaria, preenchendo as ausências com seu corpo sobre o meu e sua carne em chamas deixa marcas de desejo infinitas. Só a vida por vezes tão imprecisa poderia supor minha história em sua sabedoria de ares tão ardil.

 

Quero o fulgor que cala na essência da minha existência. Sombra alada em plena sobeja. A mão que ameniza a dor que jorra da minha emoção. Desejo que ouriça as mágoas do meu coração.

 

Quero você. Quero me perder nas nuances da sua escuridão. Quero ser o sopro aveludado que apazigua suas inquietantes razões. Quero você. Quero ser por vezes a adaga que te move do chão e te reluz em mil pedaços de inexplicável paixão. Quero só você, apenas você, simplesmente você, por inúmeras motivações que se perdem da racionalidade seca.

 

Você. A sede que minha boca abre. A dor que minha alma imobiliza. A vontade que meu corpo indaga. Você. A ausência que minha existência chora. O fogo que meu desejo cala. Você. A perturbação da minha itinerante vida.

 

A sua presença me contradiz e me refaz numa ética singular. Não existe ventura capaz de voar o sonho do seu gosto em minha boca. O toque hostil de sua lógica sobre meu desejo cálido.

 

Você

Você

Você

 

Serenamente você. Loucamente você. Intensamente você. Desejo que fere, alma que expele, vida que repete o acorde de nossa imensidão desencontrada. Te descubro e te perco tantas vezes que minha esperança questiona e condiciona sua falta em mim.

 

Você. Perdição da minha anuência. Insanas marcas da minha periclitante essência. Arrimo bravio dos meus sonhos mais secretos. Você.

 

Venha. Sopre suas dores em mim. Amordace sua desvairada aparição em minha carne exposta. Alucine seus sonhos em minha mente. Aja. Com o ardor de uma mão que cura. Com a sina de uma vida que desequilibra. Sinta. A pulsação da vontade que desatina. A energia etérea do corpo prostrado. Ame. Tudo aquilo que te desafia. Palavras repletas de uma esperança aquecida. O movimento impreciso dos encontros perdidos.

 

Você. Alma que derrama dores. Vida que transborda ardores. Existência que transita no limiar da morte ensurdecedora. Você. Amor implacável que segue desvalido. Persona sorrindo ao imenso vazio.

 

Deixe. Perdoe. Sinta. Veja. Venha. Seja tudo aquilo que precipitadamente, alucinadamente, completamente, faz a unicidade inexorável de você.

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