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Publicado: Segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Igreja do sim! E do não!

Estamos vivendo a era da tecnologia. Cada dia mais difícil acompanhar as novidades. As coisas se tornam obsoletas com velocidade espantosa. A ciência e o progresso querem liberdade, caminho aberto e veem na Igreja um grande obstáculo, uma séria oposição.

Parecem esquecer que a Vida é um valor fundamental e que nós cristãos temos um compromisso com sua dignidade. Somos uma Igreja do Sim à Vida plena; sim à liberdade; sim à felicidade; sim à justiça, à paz, ao amor. Sim à partilha, à caridade. Uma Igreja que defende incondicionalmente o direito de nascer, o direito às condições dignas para crescer e viver até o fim natural; opõe-se ao aborto, à eutanásia, à exclusão e às desigualdades sociais.

É, sim, a favor dos empenhos da ciência para minorar os sofrimentos, combater as doenças, melhorar as condições de vida no planeta. Apesar de tudo, os incomodados em seus interesses atacam fortemente a Igreja Católica e a taxam de retrógrada, fora da realidade, defensora de uma moral superada, controladora e um obstáculo à ciência e à tecnologia. Definem nossa Igreja como “Igreja do Não”.

Frei Moser, escrevendo para o jornal “O Lutador”, alerta que “existe uma bem montada estratégia para apresentar a Igreja Católica como expressão do obscurantismo anticientífico. Armou-se assim uma espécie de oposição sistemática entre ciência e fé. A primeira é símbolo de felicidade ancorada no progresso; a segunda seria o símbolo do atraso e do estraga-prazeres”.

O próprio papa BentoXVI lembra: “a Igreja deve sempre renovar-se e rejuvenescer”, mas não pode deixar de ser fiel às suas tradições, à sua história de nada menos que dois mil anos, a Cristo e ao Seu Evangelho...

Ser do Sim não significa passividade, concordar com tudo, assistir calada, lavar a mãos. Ser do Sim significa igualmente dizer Não a tantas situações... Implica denunciar os abusos, as distorções sociais, as injustiças; defender a vida e condenar tudo aquilo que a põe em risco.

De outro lado, ser do Não não significa ser “do contra”. Nunca haverá oposição declarada entre a ciência e a fé católica, desde que “as pesquisas ocorram de maneira verdadeiramente científica e obedeçam às leis morais.”(Gaudium et Spes,36) 

O papa Bento XVI, em sua Encíclica Caritas in veritate (“sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade”), afirma que “o progresso é, na sua origem e na sua essência, uma vocação:  Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação. É precisamente este fato que legitima a intervenção da Igreja nas problemáticas do desenvolvimento”. (n. 16)

Há um verdadeiro abismo entre o pensamento cristão e os valores predominantes; estes precisam ser iluminados pelo Evangelho.

Igualmente, a Igreja não pode calar quando estão em questão a dignidade ou os direitos fundamentais dos seres humanos. (Arcebispo Giovanni Lajolo)

Maria, mãe da Igreja e nossa mãe, com seu Sim a Deus, mudou a história da humanidade. Maria, modelo de vida cristã, ensina-nos a dizer nosso Sim ao seu Filho Jesus Cristo, sem medo, embora esse sim implique grandes responsabilidades humanas e sociais.

Sim à Verdade, à vontade de Deus;
Sim à Natureza;
Sim ao próximo.
Sim à oração, à graça, à salvação.

Igualmente nos dê coragem para dizer Não: à exploração;  à manipulação da natureza humana; às mentiras e ao pecado. Não a tudo que agride a vida; a tudo que retarda a instalação definitiva do Reino de Deus.

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