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Publicado: Sábado, 30 de julho de 2016

Idas e vindas

Idas e vindas

De fato a dificuldade não é pequena para aquelas pessoas que antecederam a era da informática e daí para frente precisam deslindar as formas de uso dessas invenções, ora arraigadas.

Primeiro os computadores, a seguir os celulares e a infindável linha de produtos análogos, com o modo de uso parcialmente explicado nas próprias telas. Apenas com o reparo de que somente algumas obviedades estão na língua portuguesa. O mínimo aprofundamento já vem no idioma inglês.

Daqui a pouco, aos netos, exatamente os da modernidade, que chamam pais e avós simplesmente pelo primeiro nome, pensarão talvez que se trate de geração com QI ultrapassado.

Evolução, de fato, muito estranha para esse pessoal oriundo do tempo das cavernas.

A realidade todos sabem: ou você se enquadra  ou readquire a condição de analfabeto, agora, da era moderna. Sim. Inegável. Estar por fora da parafernália corresponde exatamente a não ter sido alfabetizado.

Para ir bem ao âmago do tema, considerem outros eventos, a ponto de que às vezes entra-se num elevador e de pronto se estranha o quadro e os botões. Como também, estar de repente, sem experiência anterior, diante do painel de um veículo moderno e tecnicamente avançado.

Fichas, cartões, senhas, impressão digital, eis os expedientes mais seguros e indicativos de que você seria você mesmo.

Os aparelhos de televisão primitivos obrigavam os espectadores a se levantar da poltrona a cada mudança de canal. Supridos de vez os movimentos de senta e levanta, não corresponderiam antes a uma espécie de ginástica, leve que fosse? As ruas congestionadas de veículos, quase sempre com um único ocupante, eliminaram a ida e vinda ao comércio e até à agradável caminhada nas visitas a conhecidos, parentes e amigos? Aliás, visitas? Que não coincidam com o horário das novelas, por favor.

Quem diria que o tormento para aprendizes das autoescolas, - fazer baliza - logo estará suprido por mero e leve toque, sob a entrega dessa tarefa ao próprio veículo?

Rouba-se dos menores, para um só exemplo, a oportunidade de um deleite antigo, o de utilizarem-se das folhas amplas e resistentes de frondosas figueiras e com elas tecer cocares indígenas e cinturões, a prendê-las com palitos de sorvete ou de fósforos. Nas meninas, observe-se, quantas já não se engraçam com as indispensáveis bonecas de outrora, as mais comuns até de pano.

Infância ingênua, existiria hoje?

Nenhuma censura, saiba-se, no objetivo desta divagação. Somente constatações.

Apenas que se impõe pelo menos uma revisão no estabelecer faixas etárias.

Infância, até os três anos.

Contato e conhecimento da realidade: de quatro a dez anos.

Pré-adultos, a partir de 11 até 15 anos.

Adultos e legalmente responsáveis, a partir dos 16 anos.

Mas, quanto a baixar a maioridade, realmente uma excrescência!

Então, como é que se fica?

Talvez essa incongruência diga por si de todas as outras antecipações e mudanças bruscas de hábitos.

Cedo ainda para se conferir, se a vivência infantil ingênua, a de antigamente, notoriamente eliminada, como irá refletir ou não no comportamento do que venham a ser tais pessoas na idade provecta.

Quem saberá dizer?

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Ah, com licença.

Depois a gente continua.

Celular tocando...

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