Futebol, tragédias e compaixão

Na última sexta-feira o futebol teve sua mais recente tragédia. Um incêndio que acometeu o Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo no Rio de Janeiro, acabou por matar 10 jovens entre 14 e 17 anos que lá estavam alojados.

Não muito mais longe, um avião que transportava o jogador argentino Emiliano Sala que havia sido contratado pelo Cardiff da Inglaterra junto ao Nantes da França sumiu enquanto sobrevoava o Canal da Mancha, acarretando a morte do jogador e do piloto.

No ano de 2016, o avião que transportava o time catarinense da Chapecoense e toda sua comissão técnica, além de membros da imprensa, para a final da Copa Sul-americana na Colômbia, sofreu um acidente que levou 71 pessoas a falecer, obrigando o time da Chapecoense, assim como a família dos jogadores e da comissão técnica, a passar por um processo completo de reconstrução, estrutural e psicológica.

Todas essas tragédias são apenas algumas mais recentes que ocorreram no mundo do futebol. São capítulos muito tristes que serão eternamente lembrados ao longo da história.

E, como sempre digo, explicar a paixão do futebol para as pessoas é bem complicado e essas coisas demonstram profundamente o quanto isso significa para as pessoas que ele vivem. Todo garoto no Brasil já teve em sua mente ser jogador de futebol, defender o time que gosta, ser ovacionado por um estádio, marcar um gol. E isso é natural, pois amar um time de futebol é significante tanto quanto amar pai e mãe.

E tirando do futebol toda a parte que nele não deveria estar e que não é natural dele, como a violência, os escândalos políticos, o jogo sujo, as apostas; sobra o que ele realmente é e prega. A união e a compaixão. A coletividade. Todos esses tristes episódios comoveram mundialmente os seres humanos, gostando ou não de futebol, e devem ser usados para resgatar o que ele significa. Esse esporte faz seu coração se aquecer, seu sangue subir, suas lágrimas rolarem. Então ele significa algo muito mais belo, muito mais puro, muito mais complexo, do que as mazelas que dele se apropriam.

Muita gente não vive o que ele realmente é. Um episódio recente, por exemplo, foi o torcedor do Goiás que foi ridicularizado nas redes sociais por um torcedor rival que debochou por ele estar usando uma camisa não oficial do clube. Num país como o Brasil, onde as pessoas lutam para comer e pagar o aluguel, comprar uma camiseta de futebol por 200 reais não é algo acessível à maioria. Pois o clube, num bonito gesto que começou com a própria torcida, providenciou uma camiseta oficial e personalizada para o garoto que ao ganhar o presente foi puro ao derramar as lágrimas de emoção e demonstrou o que o futebol realmente é.

Portanto, valorize cada momento que esse esporte proporciona. Valorize seu clube, mesmo se ele não estiver tão bem assim. Valorize a vitória bonita do rival. Valorize a vitória surpreendente do time menos capacitado. Emocione-se à vontade e seja consciente com as emoções de quem respira esse esporte.

Cliché ou não, não é só futebol.