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Publicado: Quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz 2011

Uma buzina. Ele vira a cara rapidamente, tentando entender se é com ele. Volta a olhar à frente. Tempo apenas para uma brecada brusca. A fila de carros parou. Checa o ar condicionado. Está ligado, apenas não consegue vencer o calor. O carro que buzinara passa ao lado, acelerando fortemente, mas apenas para parar dois metros à frente. Com a mão pendurada pra for a da janela o motorista faz um gesto de reclamação. Do que reclama? Não sei. A pista toda está parada. No radio, informações sobre o trânsito tentam oferecer caminhos alternativos para driblar os congestionamentos. Parece uma central de informações operacionais. Pensando bem, é isso mesmo. Uma central de informacões para ajudar a avançar em meio ao trânsito parado entre pedestres frenéticos em movimento. Uma senhora passa quase correndo. Com esforço carrega duas sacolas e atravessa a rua desatenta para alcançar o ônibus que chega ao ponto. Sobe no ônibus, e agora já compartilha da imobilidade. O calor é desagradável, o sol arde na pele e está abafado. Muita gente na rua. O ponto de ônibus está lotado. O farol fecha, mais um mar de carros apressados cruzam à frente. As pessoas têm pressa, mas pressa do que normalmente, menos paciência do que em geral. É o Natal? Talvez. É o fim do ano, sem dúvida. Há um frenesi para comprar presentes. Um costume que para alguns mais atormenta hoje em dia do que alegra. Mas é tradição, e na hora tudo se completa e o presente alegra, mas agora, ele é um problema. Mais um problema a ser resolvido antes que a ampulheta se esvazie deixando cair o ultimo grão de arei de uma semana que parece estar acabando antes de começar. É o novo ano que se aproxima, e, como diz-se, renova-se a esperança, Mas a esperança parece cobrar um preço para renovar-se. É preciso que os processos sejam encerrados. As contas devem ser pagas. Aquele trabalho parado que não foi feito ao longo do ano todo, deve agora ser finalizado. Por que? Mas assim é. Uma sensação de que se deve corer, pois quem não corer a fazer tudo isso perderá o bonde do tempo e não chegará ao próximo ano. Ficará preso no purgatório do ano envelhecido que se vai, e não poderá gozar da esperança que se renova e da nova chance de fazer valer aquela missão especial para a qual no fundo, lá no fundo, sabe que é sua razão de existência. Para isso criamos os anos. Criamos a sensação de tempo. Os romanos de uma maneira, judeus de outra e os Maias ainda e outra, que alias, quase acabou com este já desgastado mundo. Mas todos criam sua maneira de entender o tempo passando e poder crias sua forma de vivenciá-lo. Em poucos dias a correria será substituída por contagens regressivas, champagnes geladas e roupas brancas. Uns pulando ondas, outro olhando os fogos ao longe, alguns trabalhado para garantir a festa. Mas nestes dias finais do ano que acaba, não pule para o próximo ano. Tome seu tempo para viver este que ainda se faz presente, e não o viva em função do ano que chegará, pois ele chegará de qualquer maneira. Viva o ano que ainda está aqui. Medite, pense, respire fundo. Entenda o que foi ele para você, Que desafios foram vencidos, quais permanecem, quais surgiram. Que surpresas ele trouxe? Reedite, não apenas a sua esperança, mas o compromisso de seguir vivendo e aprendendo com a vida. Não viva a ansiedade por livrar-se do velho ano, mas agradeça tudo que ele ofereceu como quem se despede de um amigo cuja visita o encheu de alegria, mas acabou para dar espaço ao que virá. Um bom 2011! Feliz 2012!

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