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Publicado: Quarta-feira, 23 de março de 2005

Família, Igreja doméstica!

"Como Igreja doméstica, a família acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus." (doc. Santo Domingo).

"A cada dia que passa, a ciência se encarrega de mostrar e demonstrar que, para ter qualidade de vida, o ser humano precisa equilibrar as coisas do corpo, da mente e do espírito." (Juarez Ortiz - Médico Cardiologista)

Ninguém nasce sabendo, nem da terra, nem do céu nem de si próprio. Quem é, de onde veio e para onde vai. Sabe que está vivo e tem seres semelhantes ao seu redor. Vai ter que aprender muita coisa. Alguém vai ter que ensinar, contar para ele o que é a vida, como se vive e, se possível, os "segredos" de uma vida boa e feliz. Assim, "a família é a primeira e fundamental Escola de Vida!"
Uma das primeiras coisas que vai aprender é sua semelhança com os pais e, caso existam, com os irmãos. Vai perceber logo as diferenças entre ele e os animais, notadamente os seus amiguinhos domésticos: cachorros e gatos, além de peixinhos, passarinhos, tartarugas, etc... Vai aprendendo que merecem nossos carinhos mas a distância que nos separa é enorme.
Natural e gradativamente, vai aprendendo que ele é especial; embora do reino animal, é mais que isso, sua natureza supera o biológico: é "corpo e alma"; tem uma inteligência, é dotado de razão e nunca poderia ser como os outros animais; muito menos agir como eles. Tem um instinto animal e uma vontade humana, mas pode e deve empenhar-se, desde cedo, em controlá-los pela educação da vontade.
No colo da mãe e da família, vai captando o sentido da vida, o sentido da sua vida, do seu "eu". Tarefa dos pais, fundamental e insubstituível.
Irá percebendo com palavras, gestos e atitudes as relações inter-pessoais, os segredos e as dificuldades dos relacionamentos humanos. A criança - e não só ela - precisa "ver" e "sentir". Aprende-se a viver vivendo, imitando, copiando, fazendo, repetindo...

Precisamos ensinar, para que ela aprenda não só sobre seu corpo, suas maravilhas e suas limitações... mas também e sobretudo sobre a sua dimensão espiritual, sua importância, suas maravilhas e suas limitações...
Deus criou o homem como um ser especial, com "direitos" de explorar o mundo e os outros animais para o seu bem-estar. Muita gente ainda não entendeu, porque não aprendeu ou aprendeu errado e acabou explorando o seu próprio semelhante. O homem virou lobo do homem! Falha de aprendizagem ou falha no ensino!

Muita gente discorda quando alguns especialistas dizem que "os filhos são aquilo que os pais "querem" que eles sejam." Talvez porque esse "querer" dê muito trabalho! O fato é que herdamos de nossos pais muito mais do que a genética - do corpo e da alma; herdamos ainda cultura, tradição, hábitos e costumes.

Somos seres naturalmente "religiosos"; precisamos de religião, necessitamos transcender para o divino. É o Divino que garante, que dá sentido ao humano, não o contrário. Mas não nascemos sabendo nem que Deus existe, nem quem é Ele; alguém precisa contar...

Família, escola de santidade - um espaço privilegiado para a formação espiritual dos filhos.
Como Sacerdotes - e aqui está em jogo a - os pais devem "celebrar" no lar a Palavra e a Vida, tornar Deus presente na família e na vida dos filhos, abençoar; prestar culto a Deus na oração. Como Profetas - e aqui está em jogo a Esperança - devem ouvir o que Deus fala, acolher para sua vida e anunciar aos filhos. Finalmente, como Reis - e aqui entra a Caridade - devem ser servidores, ter sabedoria para “governar” seu lar, na justiça, na fraternidade e na partilha. A caridade deve permear todas as nossas atitudes levando a um clima de paz, harmonia e perdão.

Os Bispos Católicos da América, em seu XXXII Encontro anual no Texas (EUA), ensinam que "a família, como Igreja doméstica tem a missão de ser a principal educadora dos filhos", refletindo "a ternura, a fidelidade e misericórdia de Deus", especialmente para os filhos. Ainda afirmam que, para a família ser verdadeiramente "uma casa de Deus", "é necessário que os pais dêem lugar ao Espírito de Deus no coração de sua família". E continuam: "quando os pais - apesar de seus problemas, de suas imperfeições e debilidades - escolhem a bondade e não a agressão, a ternura e não a violência, o perdão e não a amargura, proclamam a vitória do amor, a vitória da Cruz do Senhor". Finalmente salientam a grande responsabilidade dos pais de "converter-se em testemunhas do Evangelho da vida".

São José Manyanet, canonizado em 2004, é chamado "o profeta da família". "Cada lar deve ser uma Nazaré" repetia. Para ele, a Família de Nazaré - Jesus, Maria e José - é o germe da Igreja, a primeira comunidade consagrada e o modelo de toda família humana.

Assim como a nossa Igreja inteira, a família não pode esquecer sua missão evangelizadora, anunciando Cristo e seu Evangelho da Vida e levando-o a todas as pessoas. Deve ser Luz a irradiar o Evangelho. Colocar Deus na vida das pessoas é o maior bem que a elas podemos fazer.

"A família cristã, portanto, quando é fiel ao dinamismo intrínseco ao pacto sacramental, torna-se sinal autêntico do amor universal de Deus.” (João Paulo II)

É vital para o futuro de nossas crianças e da nossa sociedade educá-las na fé, aliás uma promessa feita quando do seu Batismo.
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