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Publicado: Segunda-feira, 30 de maio de 2005

Família, base da sociedade!

"Acreditar na família é construir o futuro". (João Paulo II)

Expressões de desabafo como: "a sociedade está ruim", "a sociedade não tem mais jeito" ou "é quase impossível viver em nossa sociedade" soam como um "tiro no pé", já que a sociedade somos nós e, portanto somos nós os responsáveis pelo seu estado de ser e, se desejamos que melhore, cabe a nós fazer alguma coisa.

Um bom começo seria parar de pensar que viver em sociedade é fácil ou que cada um pode fazer o que quiser, criando suas próprias regras. Faz-se igualmente necessário aceitar os limites que uma convivência saudável impõe. Nem seria preciso dizer que se opõem aos propósitos sociais o egoísmo, o individualismo, a falta de solidariedade, da colaboração e da compreensão. Numa sociedade mais humana caberia pensar no "um por todos e todos por um".

A sociedade é, em última análise, o somatório do que são seus elementos, as pessoas que nela vivem ou convivem. Precisamos ser educados para viver e conviver em sociedade. Como na maioria dos aspectos humanos, essa educação começa na família, à qual cabe um papel fundamental e insubstituível. Nossa vida em sociedade será sempre o resultado de nossas experiências de vida familiar, "complementadas" por outras vivências e oportunidades que a vida vai-nos oferecendo.

A personalidade, a estrutura do ser humano são moldadas no seio da família: sempre resultado de colo, atenção, carinho, paciência e compreensão acompanhados de coerência, persistência, firmeza, testemunho e limites - ou aprendemos os limites em casa ou não saberemos como agir em sociedade. A família é a primeira escola responsável pelo nosso "enriquecimento humano", pela humanização e socialização das pessoas.

Temos que concordar que nossa sociedade mudou muito; infelizmente, na grande maioria dos aspectos, para pior. A escassez de oportunidades torna o mundo cruelmente competitivo, caminhando para o "salve-se quem puder"; injustiças, violências, explorações completam esse quadro negro e pessimista. Instala-se entre nós uma sociedade de convivência difícil. Em nome da sobrevivência, o homem torna-se concorrente e inimigo do homem.

É preciso fazer alguma coisa para frear e até reverter essas tendências desanimadoras e aqui entra em cena uma convocação geral já que somos todos responsáveis na construção de uma sociedade mais justa, humana e fraterna. Acordemos, o assunto é urgentíssimo! E já estamos muito atrasados!

Mais uma vez essa convocação atinge a família que, juntamente com a escola e a Igreja são as únicas instituições capazes de iniciar uma revolução visando à implantação de uma "civilização do amor". Infelizmente, como todo o resto, a família inclui-se como vítima dos nossos meios de comunicação social, pelos falsos valores que transmitem.

O Documento de Santo Domingo lembra a missão das famílias: "cuidar, revelar e comunicar o amor e a vida"; "viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas ...", já que é "o lugar privilegiado para a realização pessoal junto com os seres amados." Ser "célula primeira e vital da sociedade" e "promotora do desenvolvimento". Assim, cabe às famílias educar, repor os verdadeiros valores aos seus membros, especialmente os filhos, pois uma vez aprendidos e sedimentados no ambiente familiar, tornam-se permanentes e serão comunicados ao meio, "fermentando a massa". O resultado é garantido, mas exige esforço, dedicação e mudanças de padrões e de pretensões. Será preciso repensar o que se deseja da vida, nossos direitos e nossas obrigações, o que é realmente necessário para nossa felicidade...

Cristo disse: "amai-vos uns aos outros como Eu vos amo". A família deve ser a primeira a viver e testemunhar não só aos filhos, mas para toda a humanidade a força desse mandamento. Pais que se amam e amam seus filhos são fundamentais. Infelizmente a "cultura moderna" cria "famílias" alicercedas no provisório, nas tentativas e nas experiências, quando sabemos muito bem que o que garante o futuro é a estabilidade, o durável. A base da família deverá ser sempre fundada no matrimônio, no amor único, recíproco e definitivo, na fidelidade e na indissolubilidade. Fora disso, quem sabe...?

A família é, sem nenhuma dúvida, a esperança do mundo. Assim, deve merecer todo nosso cuidado enquanto homens de boa vontade e empenhados na construção de um mundo mais fraterno e solidário. Precisa da proteção de todos, especialmente daqueles com poder de legislar ou de decidir. Como insiste João Paulo II em Familiaris consortio: é preciso amar a família, o que significa "saber estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar ambiente favorável ao seu desenvolvimento. Finalmente, forma eminente de amor, é dar à família cristã atual, muitas vezes tentada por desânimos e angustiada por crescentes dificuldades, razões de confiança em si mesma, nas próprias riquezas que lhe vêm da natureza e da graça, e na missão que Deus lhe confiou”.

Frei Almir R. Guimarães, em seu livro de Comentários à Carta às Famílias de João Paulo II, escreve que "Na verdade ninguém pode duvidar: família e sociedade se entrelaçam. Uma depende da outra. Uma pode exercer influência sobre a outra. A família não tem o poder de controlar a sociedade, mas o conjunto das famílias de uma nação podem orientar as linhas de ação do Estado e da sociedade. Por sua vez a nação tem necessidade da família para que aí sejam formados os cidadãos que irão construir um Estado sólido e sadio. Por sua vez o Estado tem o dever de proteger e de defender os valores da família. Um estado que desrespeitasse a família estaria cavando sua própria ruína."

Nessa mesma linha da fundamentalidade da família para a saúde da nossa sociedade temos as palavras de Rui Barbosa: "Não vos iludais com essas falsificações abominandas. O sentimento que divide, inimiza, retalia, destrói, amaldiçoa, persegue, não será jamais o da pátria. A pátria é a família amplificada. E a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. &Eacut

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