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Publicado: Domingo, 14 de abril de 2019

Falante também é gente

Falante também é gente
Os portadores de fala merecem o respeito da sociedade organizada e a observância aos seus direitos como seres humanos. 
 
Ao reivindicarem e obterem junto ao Congresso Nacional, há mais de sete anos, a aprovação de lei que obriga a colocação de botões de volume em todos os aparelhos de TV produzidos no país, os falantes sem dúvida deram um passo importantíssimo na luta pela sua inclusão social. 
 
Mas ainda há muito a ser feito. Embora quase nunca admitido, o preconceito é grande e agride a dignidade e a cidadania dos falantes todos os dias e das mais variadas formas – nas ruas, no transporte público, nas relações trabalhistas, nas redes sociais. E nem é preciso mencionar o quanto é importante o engajamento da nossa categoria profissional nessa dinâmica, abraçando a causa desses irmãos menos favorecidos. 
 
Queremos e merecemos ser mais do que meros tradutores de gestos para fala. Precisamos assumir um protagonismo mais abrangente e representativo. 
 
Além disso, iremos mais uma vez pleitear uma antiga reivindicação da classe: o aumento da área reservada ao nosso quadrinho no canto inferior direito da tela dos televisores. Qual a razão para um espaço tão diminuto? Por acaso nosso trabalho é menor ou menos importante para que nos caiba apenas essa insignificância?
 
Merecemos mais destaque. Nada justifica o fato de não ocuparmos a metade da tela, pois os deficientes que ainda dependem do recurso da fala para compreender o mundo e se comunicar são tão cidadãos quanto os mudos, ou as chamadas pessoas "normais". 
 
Se a mudez e o silêncio absoluto que norteiam o mundo moderno representam um progresso em nossa escala evolutiva, isso não pode ser pretexto para a segregação aos falantes - que representam apenas 0,06% da população, mas nem por isso merecem o descaso dos governos federal, estadual e municipal.  
 
Todos sabemos que a fala é um recurso primitivo, praticamente banido da civilização para dar lugar à linguagem gestual, expressivamente muito mais rica que o obsoleto uso da palavra. Porém, precisamos assumir coletivamente o compromisso de oferecer a esses deficientes o mesmo tratamento dispensado aos mudos. É justo que seja assim.
 
 
 
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